Muito se fala da mudança de comportamento do consumidor, que não será mais como antes, será (ou já é) mais exigente. Também se comenta bastante sobre a evolução do digital nestes tempos de Covid-19. Mas a discussão a respeito dos efeitos psicológicos e psiquiátricos sobre os indivíduos durante o isolamento social é quase um tabu.

Felizmente, aqui e acolá, começam a surgir artigos e alertas da comunidade científica sobre os efeitos do tão propalado “fique em casa”. O isolamento social, para quem acredita na ciência e tenta cumprir os seus “mandamentos”, é a melhor forma, até que a vacina nos salve, para combater o novo coronavírus.

Mas e os efeitos desse isolamento na cabeça de todos nós? Alguns estão tirando de letra. Outros já sentem cansaço, estresse, ansiedade e depressão. A OMS (Organização Mundial da Saúde) “classificou os transtornos mentais entre os mais incapacitantes do mundo”.

O assunto é tema de algumas pautas e discussões pelo mundo afora. A ideia é colocar cada vez mais o tema sobre a mesa, para dar visibilidade e a devida importância ao fato. Estão na lista de pessoas mais vulneráveis crianças, idosos, pacientes diagnosticados com Covid-19 e profissionais de saúde. Só que se você olhar bem ao redor verá que as pessoas estão mudando, em função da “prisão” – necessária – forçada, da falta de atividade e distração.

Há estudos mostrando que 40% da população apresenta sintomas leves de ansiedade, 12% moderado e 4% grave. Em relação à depressão, 29% apresentam sintomas leves, 9% moderados e 5% graves. Esses são os conhecidos, que se apresentam sem medo de dizer o que sentem. E os que sofrem calados e não procuram ajuda? Portanto, esses valores podem ser maiores ainda.

Quando começamos a ler sobre o assunto, vemos que todos nós já sentimos uma ponta de tristeza ou ansiedade. E o que dizer de sonhos estranhos, que nos levam a outras dimensões ou profundezas? Isso pode ser sinal de algo ligeiro, passageiro. Porém, há quem diga que isso pode refletir para o resto da vida.

A comunidade médica já “apelidou” essa fase de a “quarta onda da Covid” ou a onda dos efeitos da pandemia sobre a saúde mental.

Além da falta de atividade e entretenimento, as pessoas têm ainda de conviver com diversas restrições, provocadas pela atual situação, como redução de jornada de trabalho e a consequente diminuição do salário. Ou ainda: a possibilidade de perder o emprego em um futuro bem próximo. Tudo isso junto e misturado provoca insegurança, pânico e medo.

Por essas e outras seria de bom tom que o governo se preparasse para atender pessoas com problemas relacionados a doenças emocionais. Bem! Acredito que esse não é um assunto para se tratar com o atual governo.

Negacionista que é, dirá que é coisa de comunista, de desocupado, incendiário. Vai negligenciar? Não deveria! Para os que preferem crer na ciência, imagine como será o mundo daqui a pouco? Se fosse sério, pensaria no enfrentamento das implicações psicológicas e psiquiátricas da pandemia, pois trata-se de saúde pública e as práticas teriam de ser ativadas já.