A transformação do PR
O mercado de comunicação corporativa, também conhecido como setor de relações públicas (RP ou PR, em inglês), é formado hoje por quase mil agências em todo o país, que empregam 17 mil profissionais e geraram um faturamento de cerca de R$ 5 bilhões em 2023. Os dados da Abracom (Associação Brasileira das Agências de Comunicação) mostram a pujança do segmento, que cresce na esteira do aumento da importância da gestão de reputação das marcas, turbinada pela ascensão das redes sociais e o fortalecimento da agenda de ESG.
Antes considerado o 'patinho feio' da comunicação, nas palavras de Daniel Bruin, presidente da Abracom, o PR hoje é chamado para a mesa para discutir estratégias de lançamentos de produtos e serviços de empresas, muitas vezes desde o início do processo, e não somente mais no fim, como acontecia no passado quando era convocado para fazer a ponte com a imprensa.
Especial nesta edição mostra que as barreiras entre as agências de PR e as de publicidade nem sempre são bem delineadas pelos clientes, mas a conclusão é de que existe espaço para todo mundo, cada qual no seu quadrado, e se destacando melhor por aquilo que a especialidade fala mais alto.
Para Gabriel Araújo, diretor-executivo de criação e consultor para marcas e agências, não existe conflito direto entre os dois lados. "Talvez um conflito ideológico, mas, como serviço, as entregas são bem diferentes. Não vejo uma agência de RP fazendo uma campanha de varejo ou sendo superestratégica na mídia offline, mas vejo que um grande lançamento de marca ou produto, as agências de PR tirariam de letra", analisa.
Em um mundo dominado por conteúdo, as agências de PR levam vantagem nessa área. "Elas têm conteúdo na veia. Sabem fazer, sabem gerar conversa e sabem estruturar uma estratégia onde o conteúdo é o grande protagonista. Vivemos de buzz e, às vezes, achamos que só uma boa ideia vai atingir os objetivos, mas essa boa ideia, combinada com a estratégia certa de RP, é o que faz as verbas mesmo pequenas ficarem muito maiores", acrescenta Araújo.
Além de trazer a visão de especialistas, a reportagem ouviu algumas das principais empresas de RP, que falam sobre seus posicionamentos, desafios, conquistas e como enxergam o setor em tempos de novas demandas, como a inteligência artificial.
Ainda dentro do tema, esta edição também conta com uma entrevista exclusiva com Jeffrey Sharlach, fundador da JeffreyGroup, uma das mais influentes do mercado de comunicação corporativa. Recém-aposentado, entre outras reflexões, ele destaca que uma das maiores habilidades que um CEO deve ter é contratar pessoas talentosas.
Carnaval & Super Bowl
O Carnaval e o Super Bowl dividiram a atenção dos brasileiros neste ano, já que os dois grandes eventos caíram no mesmo fim de semana. O primeiro é considerado a maior festa popular brasileira e arrasta multidões para os desfiles das escolas de samba e blocos de rua nas principais capitais do país. Já a grande final da National Football League (NFL), liga de futebol americano que ganha cada vez mais admiradores no Brasil, bateu recorde de audiência na TV, com 123,7 milhões de espectadores no mundo, 7% maior em relação à temporada passada.
Matéria mostra o efeito que o romance entre a cantora Taylor Swift e o jogador Travis Kelce, astro do Kansas City Chiefs, teve sobre o público, atraindo novos fãs, como jovens e mulheres, além de gerar cerca de US$ 331,5 milhões em valor de marca para a NFL e o Kansas City Chiefs, com mídia impressa, digital, rádio, televisão e redes sociais, de acordo com dados do Apex Marketing Group. Por falar em números astronômicos, vale lembrar que o preço de cada inserção de 30 segundos no intervalo do Super Bowl custa nada menos do que US$ 7 milhões.
Frase: "Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e moverei o mundo." (Arquimedes).
Armando Ferrentini é publisher do propmark