Definir exatamente o que estamos passando nestes tempos de pandemia é complexo. Um sentimento de guerra mundial para uns, o apocalipse total para outros e, para alguns, nem tudo isso que estão falando.

De fato, existem semelhanças quando pensamos especificamente em uma guerra, seja pelo confinamento, pela falta de liberdade e o distanciamento social, seja pelo medo, insegurança, tristeza, ansiedade, pelas perdas de entes queridos, ou ainda, pelas perdas econômicas. A 2ª Guerra Mundial, por exemplo, foi a mais abrangente da história – com 100 milhões de militares mobilizados – e mudou tudo, da cultura ao entretenimento passando por outros aspectos da vida da maioria das pessoas envolvidas. Provocou um grande sacrifício dado ao estrito racionamento, ao consumo limitado e à redução quase que total do tempo de lazer, além de uma comunicação rara, confusa e bem distorcida entre as pessoas nos seis anos de sua duração.

Por outro lado, há diferenças entre uma guerra “convencional” e essa pandemia. Aqui não vemos o inimigo, não existem armas conhecidas, não existe tampouco a possibilidade de um diplomático cessar-fogo; só terminará, de fato, quando for descoberta a medicação apropriada, o isolamento se mostrar eficaz ou os dois juntos.

Uma das diferenças significativas, é a possibilidade de comunicação que se tem hoje em dia. Todo o mundo consegue se conectar. As teles estão assistindo a uma explosão no uso de suas redes. O fato de muitas pessoas estarem dentro de casa aumentou consideravelmente as audiências dos meios TV e Digital.  As redes sociais ganharam mais peso neste período de quarentena. E é aqui que surge a melhor das oportunidades para as marcas.

Sabemos que durante a 2ª Guerra Mundial teve um aumento no investimento em propaganda de US$ 2 bilhões, em 1941, para US$ 2,8 bilhões, em 1945, num momento extremamente inóspito para a indústria da propaganda – as agências tinham que responder aos seus anunciantes como vender alguma coisa para um consumidor que não podia comprar nada. Hoje temos um caminho muito mais aberto para fazer algo e não ficar paralisados em nosso mercado. Mas, de certa forma, uma situação que se observa em crises é que enquanto os negócios diminuem, e na dúvida de como se posicionar ou agir, parece que é mais seguro reduzir os investimentos ou esperar.

Contudo, as marcas que agem de alguma forma e se posicionam à frente de seus concorrentes, possivelmente gerarão mais conexões com os seus públicos, pois, de uma maneira geral, o aumento do consumo das mídias e a diminuição dos investimentos do mercado podem potencializar os resultados de quem está à vista ou fala mais alto.

Por isso as marcas não podem ficar paradas ou omissas nestes tempos, e o mais importante: as marcas não precisam ficar isoladas, confinadas, distanciadas socialmente como as pessoas. Elas podem sair por aí, acompanhar qualquer um, estar ao lado nos mais variados momentos. Esta é a grande diferença.

As marcas têm que aproveitar as oportunidades apresentadas para se fortalecerem e aumentarem os seus níveis de lembrança ou conhecimento.

Há muito pensamos em marcas como sendo pessoas. Que são criadas por pessoas para pessoas. Que têm propósitos, essências, DNAs. Que fazem parte de nossas vidas, que se relacionam com a gente, despertam emoções e conseguem refletir nossos anseios e desejos se tornando verdadeiras “lovebrands”. Marcas não precisam ter medo, ficar inseguras ou tristes. Ao contrário, têm que continuar estabelecendo conexões que vão além da oferta pura e simples do produto. Marcas podem trazer alegria e dar suporte aos que sempre as adotaram ou até mesmo estabelecer um novo relacionamento com quem nunca se envolveu.

Assim, tanto agora e quando a vida voltar de certa forma ao normal, ou a um “novo normal”, teremos bem guardadas nas mentes de seus públicos as marcas que se posicionaram e continuaram se comunicando.

Uma vez terminada a guerra, é muito importante que estejam fortalecidas e as pessoas não se esqueçam o quanto as suas marcas preferidas estiveram presentes neste período desafiador e muito estranho de nossas vidas.

A oportunidade está nas mãos de quem quiser (e puder) aproveitar.

Fernando Quinteiro é sócio-presidente de planejamento e atendimento da agência F&Q BRASIL