Dentre as cidades mais festejadas dos dias que vivemos, do tsunami tecnológico, da travessia do mundo velho para o admirável mundo novo, Cingapura ocupa um das, ou, talvez, a primeira colocação.

Oferece importantes lições e constitui-se num ótimo “case” a ser discutido e analisado para todos os demais países. E ponto. Absolutamente impossível replicar-se em países maiores, e com séculos de problemas e desafios nas costas, as mesmas soluções encontradas por Cingapura.

Começa que o país todo, Cingapura, é uma ilha com 719 km2, pouca coisa menor que a metade da cidade de São Paulo, e 12 vezes apenas maior que a ilha de Manhattan. Ou seja, um país pequeno, ou, mínimo.

Mas, tem um outro e importante detalhe. Cingapura é como se fosse um Neon, um Nubank. O Brasil é um Bradesco ou um Itaú, Banco do Brasil.

E como o Bradesco e o Itaú, e os demais grandes bancos, tem um passado para resolver e descartar a maior parte. São milhares de metros quadrados de espaços, mais móveis, mais milhares de agências que não servem para nada, enquanto as fintechs ou novos bancos só olham para o futuro.

Se nossa história completou 520 anos, a de Cingapura tem 54. O Brasil também tem de resolver as encrencas que construiu no passado. Como, por exemplo, um Estado balofo e voraz que debilita dia após dia nossa economia.

Em 1965, Cingapura separa-se da Malásia, renasce como estado independente, só olha para frente, já que a natureza é pobre e tem de importar até água, concentra-se na industrialização, e mergulha na tecnologia. Sai da frente! Hoje a pequenininha Cingapura é o quarto maior centro financeiro do mundo, e registra a presença de 7 mil empresas multinacionais.

97% da população é alfabetizada, de verdade e 77% têm curso superior. É o país mais competitivo, segundo o Fórum Econômico Mundial, 91% dos habitantes têm acesso a banda larga, e é o segundo lugar mais fácil de se fazer negócios em todo o planeta.

Considerando a dimensão do país, a forma moderna como se planeja, organiza e trabalha, definiu suas metas para 2030 e certamente vai alcançar todas.

Nenhuma casa a mais que 10 minutos a pé de uma estação do Metrô, ninguém pode morar e trabalhar a mais de uma hora de distância, ninguém pode morar a uma distância superior a 400 metros de um parque, 30% das posições de diretorias e conselhos das empresas ocupados por mulheres, e por aí vai.

Ou seja, amigos, Cingapura é uma maquete. Um sonho que se realiza. Uma fábula que se converte em realidade. Temos muito de aprender e aproveitar de todas as experiências que a cidade vem realizando, mas nossos desafios são de outra ordem e dimensão.

Talvez, um exercício que devêssemos fazer, numa espécie de Projeto Brasil Cingapura, é analisarmos nossas 500 principais cidades, e ver o que poderíamos aproveitar e replicar daquele país-cidade por aqui.

É só isso. Mas, só isso, e já é muito! Vamos refletir, considerar, e, quem sabe, replicar algumas dessas iniciativas. E então, em algumas cidades brasileiras, em vez do Havaí, como diz Caetano, Seja Aqui, consigamos fazer com que Cingapura, Seja Aqui.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)