Começo, meio e recomeço

Eu nasci em uma cidade pequena, daquelas de novela das 6 em que todo mundo te viu crescer. É por isso que, quando criança, eu sempre fui a filha dos meus pais para os mais velhos ou a irmã do meu irmão para os mais jovens. Cresci imaginando que meu destino seria parecido com o das meninas mais velhas que eu via na escola, mas, no fundo, algo me dizia que minha inspiração de vida viria de outro lugar. E veio.

Meu pai sempre acreditou em recomeços. Ele é o tipo de pessoa que reescreveu a própria história, que quebrou ciclos, que conquistou coisas incríveis. Vi meu pai falhar e ter sucesso muitas vezes ao longo da vida, mas, mais do que isso, sempre vi meu pai tentar de novo. Talvez tenha sido ele a plantar em mim a sementinha de recomeçar, e é por isso que sempre serei grata por ser sua filha.

Cheguei em São Paulo com 18 anos, em um domingo nublado, e passei a noite em claro com medo do desconhecido. Não demorou dois dias para que eu tivesse certeza de que ali era o meu lugar. Eu me reconheci e me conheci nesse recomeço, e é por isso que eles me inspiram tanto.

Trabalhar com marketing de influência e criatividade nunca esteve nos meus planos, mas sempre fez parte de quem eu sou. Primeiro, porque influenciar é humanizar, e segundo, porque conteúdo estratégico é uma forma de fazer diferente. E fazer diferente também é recomeçar.

Apesar de a palavra recomeço (que já apareceu nesse texto mais vezes do que eu gostaria) trazer consigo um significado quase filosófico, prefiro enxergar o ato de recomeçar como processo rotineiro, simples. Tipo quando a gente precisa de 5 minutos na varanda durante o home office ou quando bebemos um gole de água depois de apresentar um projeto foda para o cliente dos sonhos. Inclusive, perdi as contas de quantas vezes reli os primeiros parágrafos desse texto para continuar escrevendo os próximos que virão, mais um exemplo de que recomeçar traz inspiração para qualquer lugar.

É por isso que, para mim, recomeçar não se limita somente a abandonar algo e reconstruir tudo de novo, também é sobre aproveitar o processo de voltar para o que está incompleto e continuar, quantas vezes forem necessárias.

De vez em quando me pego recomeçando projetos incompletos, séries que deixei pela metade, livros que empoeiraram na minha mesa de cabeceira e, tomada pela rotina, chego a me perguntar qual é o ponto de voltar para algo que, conscientemente, escolhi deixar para trás. Na maior parte das vezes, não tenho a resposta, mas, vez ou outra, aquela voz de consciência que vive dentro da minha cabeça me responde: para se reencontrar com quem você foi e para aprender com quem você é hoje. E isso me inspira.

Inspira-me a criar projetos maiores e melhores, me inspira a aprender com o time incrível que tenho a sorte de conviver, me inspira a fazer a minha parte para construir um mercado cada vez mais autêntico e transparente através da Mudah. Também me inspira a ensinar para a minha sobrinha que, apesar de alguns recomeços parecerem assustadores, também podem ser transformadores. Quero que ela cresça sabendo que transformar e se deixar transformar também é uma fonte de inspiração. E das boas, viu?

Quanto a esse texto, caro leitor, espero que ele possa ser um recomeço que te inspire ou uma inspiração que te faça recomeçar. Que ele possa ser para você a mesma sementinha que meu pai plantou em mim, porque a vida é um ciclo e recomeçar é uma das partes mais bonitas de se viver.

Maiara Garbin é sócia e head de operações da Mudah