Com a nova queda de infecção e de mortes por Covid, embora tímida, percebe-se uma nova movimentação pelo retorno de atividades, ainda que com as limitações protocolares. Poderíamos estar mais adiantados nesse processo de retomada se tivéssemos levado mais a sério a importância de se contar com vacinas o mais cedo possível.

Mas, apesar do avanço lento da vacinação, começa a prevalecer a ideia de que temos de conviver com a pandemia por mais tempo, mas permitir a retomada de atividades que possam salvar negócios abalados pelo longo período de limitação.

Fora do Brasil, em países onde a vacinação já alcança boa parte da população, vemos iniciativas de retorno a eventos com aglomeração, por exemplo. Há experiências de shows abertos ao público, que deve apresentar teste negativo antes e se propor a ser testado depois para identificar possível contaminação por conta da aglomeração.

Em Nova York, o movimento agora é de estimular o retorno às atividades normais, já com a previsão de volta dos grandes espetáculos da Broadway em setembro. Mas, antes mesmo, os governantes e a iniciativa privada querem o retorno do público às ruas, movimentando a economia.

Uma campanha, idealizada pelo CEO da TBWA/Chiat/Day New York, Rob Schwartz, envolvendo outros talentos do mercado de comunicação e marketing dos EUA, como o CEO da Advertising Week, Matt Scheckner, usa um criativo jogo de palavras, tratando a Big Apple de Now York. Now, de agora!

Uma campanha que conclama americanos e turistas de todo o mundo a voltar a viver New York. Museus, restaurantes, casas de espetáculo e comércio, todos estão se engajando, acrescentando às suas marcas a palavra Now.

MoMa Now #nowyork; BaltahazarNow #nowyork; Blue Note Now #nowyork. Durante a fase mais aguda, a mensagem era stay at home, agora ela prega o contrário: come out and play!. Na Europa, já são diversas as atividades retomadas, envolvendo grande público. Eventos esportivos e culturais, além de feiras e exposições, voltam a ser remarcados. Estádios liberam espaços sem maiores restrições para vacinados e outra área, com protocolos mais rigorosos, para aqueles que ainda não se vacinaram.

Não que a pandemia tenha acabado. Ela ainda preocupa, mas a situação de restrição absoluta – totalmente justificada nos momentos mais agudos da pandemia – teve efeitos colaterais gravíssimos na economia e na saúde mental das pessoas.

Prevalece então o entendimento de que a abertura gradual e cuidadosa, agora que a vacinação avança, será mais benéfica para todos. Mesmo aqui no Brasil, já há diversos movimentos de retomada.

Em São Paulo, o governo ampliou o limite de ocupação de espaços de 25% para 30%; no Rio, a liberação é para eventos que ocupem até 40% de espaços internos e até 60% dos externos. Em Santa Catarina, uma lei, recentemente aprovada, estabelece que feiras e exposições são atividades essenciais, abrindo a possibilidade da volta desses importantes eventos.

Aliás, como ressaltei no meu artigo da semana passada, as feiras e as exposições comerciais deveriam estar liberadas, da mesma forma com que estão os shoppings. Brasília também prevê liberar eventos com limitação de público nos próximos dias.

No Rio Grande do Sul, o expressivo Grupo Live Marketing RS, que reúne centenas de players do setor de eventos, entregou às autoridades proposta muito bem formatada com protocolos para os diferentes tipos de eventos, reivindicando retomada imediata, não deixando um subsetor sequer sem atividades. O documento tem a adesão das principais entidades de comunicação e marketing, inclusive da Ampro.

Não se trata de negacionismo, mas de uma visão pragmática de que, se precisamos conviver mais tempo com a pandemia, que saibamos lidar melhor com ela, adotando protocolos rigorosos, mas liberando atividades importantes para a retomada econômica e a volta de emprego para milhares de profissionais.

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) (alexis@ampro.com.br)