Copa 2026 lança espaços VIP de hospitalidade

A Copa do Mundo 2026 promete alterar o calendário do live marketing. Com 48 seleções, três países-sede e pacotes oficiais de hospitalidade já disponíveis no mercado brasileiro, empresas e agências precisarão equilibrar investimentos entre ativações ligadas ao torneio e eventos corporativos regulares.

A cada quatro anos, o torneio mobiliza orçamentos, concentra atenção global e redefine prioridades. Em 2026, a expansão do formato e a realização simultânea nos Estados Unidos, México e Canadá ampliam ainda mais o impacto. Estima-se que mais de três bilhões de pessoas acompanhem os jogos, ampliando a exposição das marcas, mas também pressionando os budgets. Historicamente, a concentração de investimentos na Copa impulsiona grandes ativações, mas esvazia convenções, treinamentos e encontros de rotina.

O aspecto financeiro reforça essa dinâmica: o ciclo 2023–2026 da FIFA deve movimentar US$ 13 bilhões, mais que o dobro da Rússia em 2018. Para os países-sede, os efeitos serão diretos em turismo e consumo. No Brasil, mesmo sem sediar, setores como hotelaria, alimentação e entretenimento devem sentir reflexos positivos em ações temáticas ligadas ao futebol.

O digital terá papel central. No último Mundial de Clubes, buscas por produtos esportivos cresceram mais de 200% em algumas categorias. Esse padrão deve se repetir em 2026, impulsionando campanhas sociais, ativações em streaming e e-commerce.

No mercado local, o evento oficialmente já começou. A On Location e a Golden Goal, representantes oficiais da FIFA, elegeram quatro agências brasileiras para comercializar os pacotes de hospitalidade da Copa 2026: Agaxtur, Ambiental, Globalis e Queensberry. Com histórico em Copas anteriores, elas oferecem experiências premium para os colaboradores, clientes e parceiros do mundo corporativo— incluindo passagens aéreas, hospedagem próxima aos estádios, acesso a camarotes, gastronomia, turismo cultural e seguros.

Para as agências de live marketing, planejamento será a palavra-chave. Durante a Copa do Mundo, a mobilidade corporativa deixa de ser apenas uma questão logística e se transforma em um grande desafio jurídico e operacional, com riscos que vão desde a perda de negócios relevantes até a geração de passivos trabalhistas. Nesse cenário, torna-se fundamental contar com assessoria jurídica especializada e implementar uma política estruturada de mobilidade, baseada em critérios legais e de compliance, para assegurar previsibilidade de custos, proteção aos colaboradores e fortalecimento da governança. Mais do que apenas controlar gastos, um planejamento consistente garante transparência, mitiga riscos financeiros e reputacionais e, acima de tudo, promove confiança e valorização das pessoas.

O período dos jogos, sobretudo da Seleção Brasileira, tende a paralisar o calendário corporativo. Empresas suspendem reuniões e convenções, encurtando o tempo útil das agências para alcançar metas. O risco é real: budgets podem migrar quase integralmente para a Copa. A saída estratégica é incorporar o tema do futebol em campanhas internas, convenções e ativações digitais — mantendo colaboradores, clientes e parceiros na vibração dos jogos, mesmo sem levar grupos ao torneio.

Nesse contexto, viagens de incentivo ganham relevância. Segundo a Associação Latino Americana de Gestão de Eventos e Viagens Corporativas (ALAGEV), a procura segue consistente e com potencial de expansão, sustentada por ROI elevado. Já os números da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas ( Abracorp ) mostram a força do setor: no 1º trimestre de 2025, o turismo de negócios movimentou R$ 3,179 bilhões, com 2,26 milhões de transações. Em maio, foram R$ 12,5 bilhões, alta de 8,9% sobre 2024.

A tendência para 2026 é que haja concentração de investimentos, pressão sobre budgets e oportunidades ampliadas para quem souber alinhar calendário corporativo e ativações ligadas à Copa. Cabe às empresas e agências escolher se ficarão à margem ou se transformarão esse momento em vantagem competitiva para suas agências e clientes.

Ronaldo Ferreira é sócio fundador da um.a (agência do Grupo Agaxtur/Grupo Águia Branca)