Dentro e fora das quadras
Para muitos, e eu me incluo nessa, o mundo do tênis é um exemplo claro de determinação, esforço e perseverança. Talvez só pelo fato de o circuito mundial de elite desse esporte ser composto de atletas que, quase sempre, começam ainda crianças, com 5, 6 ou 7 anos de idade, e dedicam preciosos anos de suas jovens vidas na tentativa de aprimorar habilidades físicas e mentais até um nível extremo, intercalando treinos e competições dia após dia até – quem sabe, um dia, talvez (na grande maioria das vezes não) – chegarem a um nível competitivo internacional, mas ainda longe dos holofotes e da fama.
É claro, também, que o universo do tênis pode ser visto como uma fonte de inspiração para outras áreas, como a publicidade. Afinal, a comunicação e o esporte têm tudo a ver: a busca constante por inovação, a criatividade, a capacidade de enxergar e aproveitar oportunidades e, não menos importante, o trabalho em equipe.
Sim! Apesar de ser um esporte individual, a maioria dos atletas de elite do tênis conta com a ajuda de treinadores, preparadores físicos, psicólogos esportivos e uma infinidade de outros profissionais imprescindíveis para alcançar o sucesso. Nas agências de publicidade, é a mesma coisa, inclusive nas que são ancoradas no talento de líderes criativos premiados e influentes. Para criar campanhas vencedoras e entregar resultados de fato, são necessários profissionais com inúmeras habilidades e perspectivas. Em ambos os mundos, trabalhar em equipe significa compartilhar ideias, respeitar diferenças e ter uma visão comum sobre os objetivos. E é essa visão que ganha o jogo.
A inovação e a criatividade, tão celebradas na publicidade, também são características essenciais no tênis. Tem a ver com pensar além, experimentar novas ideias e encontrar soluções inovadoras para problemas complexos. E, na maior parte do tempo, no alto nível do esporte, esses problemas complexos estão presentes em 100% dos pontos e, principalmente, dentro da cabeça de cada atleta enquanto a bola vai de um lado para o outro.
Nas horas decisivas, quando o arroz com feijão bem-feito não dá conta, quando a quase perfeição dos golpes treinados à exaustão encontra um paredão à altura, os jogadores precisam ser muito criativos para pivotar a estratégia e encontrar novas maneiras de vencer, mesmo quando estão em aparente desvantagem. Essa capacidade de virar a chave, e não somente a habilidade com as raquetes, é um dos pr incipais motivos que fazem multicampeões como Rafael Nadal, Roger Federer, Novak Djokovic e Serena Williams serem tão geniais dentro e fora das quadras.
Muitos pensam que o tênis é um esporte que se joga com as mãos, quando na verdade ele exige, além da óbvia capacidade física, uma incrível agilidade mental somada a uma dose gigantesca de confiança e equilíbrio emocional para a tomada de boas e rápidas decisões.
Ser “bom jogador”, ou seja, ter boas habilidades e capacidades técnicas é o que se espera de qualquer profissional de alto nível. A verdadeira diferenciação vem da sua capacidade de decidir bem diante do novo, do papel em branco e dos desafios inéditos que surgem o tempo todo na quadra e na vida.
A criatividade e a inovação devem estar em todas as jogadas, em todas as etapas de nossas vidas. Quando cansar, pare, respire, saiba impor limites. Não há problemas nisso!. Afinal, para enfrentar novos desafios é preciso estar, no mínimo, com a cabeça e o corpo sadios pra produzir novas safras de criatividade.
Alexandre Larotonda é diretor de planejamento da agência Hoodu