Pode deixar os textões um pouco mais de lado. Ou melhor, que tal adaptá-los para conteúdos em áudio? Na era digital, caracteres e emojis vêm competindo cada vez mais espaço com a voz. O sucesso dos podcasts nos últimos anos e a chegada da rede social Clubhouse – plataforma que permite a interação por voz entre os usuários –  com boom repentino fizeram esse tipo de conteúdo ganhar ainda mais força. Segundo pesquisa da Kantar Ibope encomendada pela Globo, em 2020 o número de pessoas que escutam podcast regularmente aumentou 33%. Já são 28 milhões de brasileiros com mais de 16 anos que incorporaram o hábito de ouvir podcasts. 

Os números do Clubhouse também impressionam. Dados divulgados pela App Annie, empresa de pesquisas, mostram que o aplicativo obteve mais de 8,1 milhões de downloads em todo o mundo até o dia 16 de fevereiro. Em 1º de fevereiro, no entanto, o app da rede social tinha sido baixado apenas 3,5 milhões de vezes. Assim, o número de usuários cresceu mais de 100% em um período de 16 dias. A pesquisa revelou que a popularidade da plataforma é maior no Reino Unido, Alemanha, Japão, Turquia e, claro, Brasil.

A voz ganhando…voz

Ouvir sons, música, e principalmente a voz humana sempre foi uma forma importante para aproximar as pessoas e transmitir mensagens ao público. Em um mundo cada vez mais online, com o contato físico mais distante, a voz voltou ao centro das atenções porque é capaz de humanizar o contato, transformando a presença digital. O som ajuda a proporcionar mensagens autênticas, sendo capaz de estabelecer vínculos genuínos mesmo que seja pela tela dos mais tecnológicos devices. 

Pense no podcast ou no Clubhouse, por exemplo. A respiração e as pausas durante as conversas transmitem emoção, nos ajudam a ouvir o que está nas entrelinhas e geram uma aproximação imediata com o interlocutor. Algo bastante diferente das mensagens de texto que, vez ou outra, abrem espaço para as polêmicas da interpretação de texto. 

Estratégias para as marcas

O crescente interesse do público pelas soluções em áudio também despertou, obviamente, a atenção das marcas. Inúmeras foram as empresas que se lançaram em suas salas ao vivo no Clubhouse e que vêm apostando nos podcasts. As companhias entenderam que o formato de voz permite assumir o controle da mensagem compartilhada, oferecendo um ambiente imersivo e possibilitando um relacionamento mais próximo com o público-alvo. Marcas como Audi e Nescau foram as primeiras a entrar no Clubhouse por aqui. Claro, TV Cultura e até as reuniões de pauta da CNN também estrearam na plataforma. Já na área dos podcasts, Natura e Itaú são algumas das organizações que se aventuraram a criar seus próprios conteúdos. 

A estratégia é inteligente e acertada, mas precisa ser bem aplicada para ter sucesso na prática. Assim como todo e qualquer conteúdo de marca, é preciso ter clareza sobre qual mensagem será transmitida, com qual linguagem e, principalmente, com qual tom. Da mesma maneira que textos e imagens, a voz precisa estar conectada aos valores da empresa e transmitir, em palavras e conversas, sua essência.

Os áudios ajudam a posicionar as companhias no ranking de pesquisa do Google, o que, no universo do Marketing Digital, é uma opção muito rica. Afinal, torna o som mais uma ferramenta para favorecer a experiência do usuário e, claro, cria a oportunidade de posicionar a marca frente aos concorrentes. Podcasts, por exemplo, também têm relevância para os algoritmos que permitem a Search Engine Optimization (SEO). 

Em um mundo hiperconectado, o áudio desponta como uma poderosa ferramenta de comunicação, substituindo a até então “era digital” pela “era do áudio digital”. Em alto e bom som, a voz entra em campo para conquistar cada vez mais espaço, moldar tendências e aprimorar os pontos de contato entre marcas e públicos. Aquelas que não estiverem atentas a essa importante transformação podem perder a chance de se aproximar ainda mais de seus consumidores. Escute bem!


Adriana Campos é CEO da Adtail, agência de marketing digital especializada em performance e inteligência de dados