'Fique em casa!'

Aziz Jabur Maluf chegou ao Brasil no início do século passado.

Libanês, de origem humilde, Aziz decidiu abrir uma pequena loja no mês de outubro de 1917, na cidade de São Paulo, no chamado hoje Centro Velho: esquina da Rua Direita com a Líbero Badaró.

Vendia gravatas italianas, camisas finas e ternos feitos de tecido importado da Inglaterra. A chamada elite da cidade vestia-se na Camisaria Colombo. Que agora completa 105 anos...

Durante décadas, a Colombo permaneceu nesse mesmo ponto. Os homens mais elegantes da cidade vestiam-se na Colombo, e políticos famosos só compravam seus ternos, camisas e gravatas por lá.

Dentre outros, Jânio da Silva Quadros. Nos anos 1990, os netos e herdeiros de Aziz decidiram multiplicar o negócio.

Aproveitaram-se da abertura do Shopping Ibirapuera, em 1976, e, nos anos 1990,  abriram uma segunda loja. E de lá mais lojas pelo interior do estado, pelo Brasil, e converteu-se numa rede nacional.

Deixou de ser uma loja de artigos importados e preços caros, e passou a ser uma loja de preços populares e artigos básicos com qualidade. Mergulhou da classe A para a classe C.

Pouco depois da virada do século, e ao completar 90 anos, em 2007, já era uma rede de 198 lojas em 23 estados brasileiros.

Passou a trabalhar com roupas, calçados e acessórios para crianças e mulheres, também. A partir do início de 2010, mergulha em forte crise, fecha lojas, e recorre a recuperação extrajudicial.

E chega a nova década, vem a pandemia, e a Colombo mergulha mais fundo na crise. Meses antes, os irmãos tentaram mais uma vez vender a Colombo, mas não foram bem-sucedidos.

Meses atrás, com a perda de renda dos principais clientes da Colombo – classe C –, as perspectivas sobre o futuro da tradicional e centenária organização são mais que difíceis.

Em matéria no Estadão, assinada por André Jankavski, uma fotografia irretocável do momento que vive a Colombo em recuperação judicial.

Diz André: “Os últimos anos da Colombo voltada para a venda de ternos e roupas para a classe C têm sido bastante difíceis. Mesmo antes da pandemia, a empresa já vinha sofrendo com quedas nas vendas e redução no número de lojas. Mas aí veio a crise da Covid-19, e piorou tudo. Com os shoppings fechados, a empresa viu seu faturamento despencar 50% no ano passado. Das 434 lojas que a companhia tinha, sobraram 117 franquias. Diante do problema, a empresa ingressou com pedido de recuperação judicial no ano passado...”.

É isso, amigos. Todos os negócios que tinham forte dependência das classes C e D seguem em momentos de imensa dificuldade. Alguns de recuperação impossível.

Foram as classes mais devastadas ou pela perda de emprego ou pela redução dos salários ou pelo fechamento dos pequenos estabelecimentos comerciais que tinham.

Por total e absoluta falta de alternativa submeteram-se à ordem.

Ficaram em casa...

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing
famadia@madiamm.com.br