Gênios do mal
Quando visitei a Tailândia, tive a oportunidade, única na vida, de assistir ao vivo a tevê norte-coreana. Fiquei impressionado em confirmar o que já havia visto em algumas publicações no YouTube, sempre suspeitando, no entanto, de ser coisa manipulada por anticomunistas: manifestações doentias de fanatismo por Kin Jong-Un e pela memória de seus antepassados.
Foi um choque perceber que aquela coisa estava acontecendo, de verdade, a apenas 3.700 quilômetros de mim. De lá para cá, passei a recorrer com frequência à busca de imagens da tevê da Coreia do Norte, tentando compreender o que levava seu povo àquele comportamento absolutamente insano. Estudando um pouco a história do país, fico sabendo, por exemplo, do esforço de Kim Jong-Il, responsável pela propaganda do regime, a partir de 1953, em estimular o culto à personalidade de seu pai, Kim Il-Sung.
“Líder supremo”, “líder celestial” e “Sol” são apenas alguns dos títulos dados a ele para ajudar na fanatização do povo. De lá pra cá, essa cultura de submissão absoluta estabeleceu o padrão do comportamento dos norte-coreanos. Virou coisa natural a apropriada. Sugiro darem uma busca na internet e confirmar essas atitudes a que me refiro, que parecem improváveis entre nós.
Pelo menos pareciam, até começarmos a ter acesso às imagens de adoradores do Bozo, durante essa turbulência que sucede à vitória de Lula nas eleições presidenciais. Elas são reveladoras do que nos esperava caso o atual presidente fosse reeleito. Uma escalada na lavagem cerebral de quase metade da população brasileira, através de uma mistura de fundamentalismo religioso, terrorismo de estado e obscurantismo cultural. Aliás, o fato de não ter havido a reeleição não nos livra desse mal tão simplesmente. A devolução do Brasil à categoria de país plenamente civilizado vai precisar de muito trabalho.
Não será fácil a restauração da melhor condição psíquica daqueles que se ajoelham e choram, enrolados na bandeira nacional, crentes numa notícia falsa, plantada e difundida por seus companheiros de loucura, só para citar uma imagem mais eloquente. Milhões de filhos da classe média brasileira estão envenenados pelo negacionismo, por teorias conspiratórias e pelo fanatismo religioso.
Milhões de filhos de famílias abastadas foram doutrinados a se prevenir contra os “vagabundos” e instruídos ao uso de armas de fogo. O ódio está disseminado no tecido social.
Nossa unidade continental, sustentada solidamente por mais de 500 anos, em que pesem todas as crises e lutas internas, está potencialmente ameaçada pela predisposição para a divisão, plantada e cultivada em corações e mentes, em apenas quatro anos desse governo. Um trabalho minucioso, desenvolvido por mentes de grande talento para o mal, inclusive colegas publicitários, cujo mercenarismo usual dessa vez extrapolou qualquer limite moral.
Felizmente, a sensatez ainda encontrou forças para formar uma maioria suficiente (ainda que não mais que suficiente) para interromper essa saga destrutiva. É dever, agora, de todos os que mantiveram a sanidade mental, a busca do restabelecimento do bom-senso e da paz entre os brasileiros.
Stalimir Vieira é diretor da Base de Marketing
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