Hora de aplicar!
Houve um tempo em que se dizia que informação é ouro. Não há como questionar o valor da boa informação, mas, com a abundância de conteúdo disponível hoje, é bom contar com uma curadoria e, mais importante, absorver o conhecimento e agir o mais rápido possível.
Vivemos tempos em que não dá para fazer análises muito profundas. Em vez dos três estágios tradicionais da ação – Atenção, Preparar, Já! – temos de partir para uma sequência mais ou menos assim: Atenção, Já!, Aperfeiçoar. É o jeito startup de agir.
Na verdade, há setores – a indústria criativa é um deles – em que deve-se manter o espírito startup sempre, ficando prontos para aplicar novos conceitos o mais rápido possível. Pois bem, acabamos de receber uma avalanche de insights e informações relacionadas ao universo da criatividade, por meio de mais uma edição do Cannes Lions.
Além de premiar os cases mais criativos do mundo, o festival é também um ditador de tendências e gerador de informação relevante para quem atua no universo da criatividade. Temos acesso farto a análises e comentários sobre o conteúdo do festival. São informações preciosas, que devem ser consideradas para adoção imediata. Por exemplo, os critérios ESG.
Nada menos do que 90% dos cases premiados com Grand Prix no Cannes Lions apresentavam uma pegada ESG, seja pelo lado ambiental, social ou de ética e transparência.
No programa do festival havia 69 opções de conteúdo relacionado a esse tema.
Não seria um sinal claro que o tal ESG é pra valer e não dá mais para ignorar a sua importância?
Apesar da ampla divulgação que a agenda ESG vem recebendo, ainda há muitos empresários indecisos sobre como aplicar seus princípios de maneira adequada. Então, como estudioso dedicado ao tema, vou tentar ajudar, ok? Veja alguns pontos de atenção que selecionei:
1- Ninguém está totalmente pronto para adotar os critérios ESG por inteiro. Tenho ouvido de alguns gestores o argumento de que precisa primeiro entender bem os meandros do ESG e preparar a casa antes de começar. Sim, é preciso entender as implicações ESG no seu negócio, mas deixe para arrumar a casa ao longo do processo. O importante é começar.
2- Não sou indústria e minha atuação não gera poluição significativa: o ESG não me afeta. Ops! Cuidado! O E, do ESG, refere-se às questões ambientais, mas você precisa se alinhar também aos aspectos sociais do S (diversidade, equidade, inclusão) e éticos do G (governança, legalidade, transparência). Por outro lado, o seu cliente pode estar implicado numa agenda ESG mais pesada e você precisa – será cobrado por isso – seguir a mesma cartilha, sob risco de ser preterido.
3- ESG significa mais burocracia e custo para o meu negócio. Não necessariamente. Considerar ESG no centro da estratégia pode trazer benefícios imediatos de diminuição de gastos. Por exemplo, uma política de uso racional de água e energia pode gerar contas menores no fim do mês. É claro que o esforço inicial exigirá recursos e investimento em novos processos, mas, por outro lado, há os benefícios de tornar a empresa mais atraente para potenciais clientes e talentos.
4- Devo criar uma área ESG na empresa? Não necessariamente. A aplicação ESG deve ser transversal, envolvendo todas as áreas da empresa. Num momento inicial, uma consultoria externa poderá ajudar no conhecimento e na criação de cultura e processos, mas, depois, cada gestor deverá incorporar os princípios ESG na sua estratégia e ação.
5- Como saber se a minha atuação ESG é consistente? Há referências e padrões que podem ser passados por uma boa consultoria. As certificações são importantes para empresas de maior complexidade, mas não são imprescindíveis para empresas menores e menos complexas. Há ainda a preocupação com a linguagem e o tom da comunicação em temas sensíveis, como LGBT+ e DE&I.
Estes 5 pontos não esgotam o assunto, mas devem servir para quebrar o bloqueio de empresas com relação ao tema. O importante é começar!
Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br