Humor
Quando o mundo se leva a sério demais é o acaso que escreve as melhores cenas e traz o humor de volta para dar um twist na história.
Pegue a frase do bonezinho vermelho: Fazer algo grande de novo, em si é uma frase repleta de significados engraçados, apesar de ter nascido de pensamentos obscuros. Depois que o significado bem-humorado se clarifica, não dá para não des(ver) ou des(pensar).
O mundo está vivendo seu período de 7ª série E, e precisamos repensar como viver esse período de maneira plena e feliz. Comunicação e arte têm tudo a ver com isso.
Na era das sutilezas, bom senso parece ter ficado pelo caminho, não resistiu. Tem os valentões que viraram políticos, mas o estilo, te pego na saída, permanece. Enquanto isso a turma do fundão vira artista e faz das suas.
Walter, Fernanda e Selton fazem o ‘Ainda Estou Aqui’, o ‘Saturday Night Live’ apresenta o nonsense da sociedade americana, Jon Stewart coloca suas visões políticas com pancadas dos dois lados em um texto brilhante.
Muito mais vai aparecer. É do lodo que nasce a flor rara. Da ditadura que surgiram lótus como a Música Popular Brasileira e artistas como Chico, Gil, Gal, Caetano e João Bosco.
Depois de uma sociedade vigiada e amedrontada por diversos anos, Cazuza, Renato e uma geração inteira de talentos provocaram mudanças com sua arte.
Quando a guerra contra as drogas engatou de vez no país, Planet Hemp deu o recado, Nação Zumbi surge do mangue no momento mais abadá da arte brasileira. Entre outros exemplos.
A arte costuma ser o farol em momentos como este que estamos vivendo. E tudo começa com o
humor.
O que a ‘Rádio Pirata’, ‘Casseta e Planeta’ fariam com a posse do Trump, com a saudação nada codificada de Elon Musk?
Imagine uma coletiva de imprensa onde eles recebem algumas perguntas:
-Sr. candidato, e suas ligações com o Mário?
Ou outra pergunta para Elon:
-Foguete não dá ré, mas e você?
Descontração
Entre as emoções disponíveis para lidarmos com o dia a dia atual e a escalada de notícias absurdas, mas reais, o humor pode ser a mais valiosa delas, pois vive da sutileza, da inteligência, conhecimento e principalmente do tempo.
No teatro, o que distingue a tragédia do humor em uma cena é o tempo de duração dela. Quanto mais longa, mais engraçada. O tempo ajuda. A vinheta do plantão de notícias seria melhor se tivesse a música tema da entrada do palhaço no picadeiro.
A inteligência gosta do humor, pois antes de entender a mensagem, a informação dá duas voltas no cérebro e uma sensação gostosa de captar mensagens que vão além delas próprias.
O avesso de truculência não é mais truculência, é a ironia. A criptonita do ditador, é a troça. O sorrisinho de lado pode voltar, já pensou?
Flavio Waiteman é sócio e CCO da Tech&Soul
flavio.waiteman@techandsoul.com.br