Imagem e ação... Do conhecimento!

A temática da imagem parece ser o tema da vez por causa da exposição excessiva nas redes sociais. Mas, ela sempre foi o instrumento para o nosso conhecimento desde quando era tudo mato aqui na Terra. Das gravuras rupestre nas cavernas às nossas modernas telas. Todos esses elementos criados a partir de materiais existentes na natureza serviram e servem para um único propósito: representar visualmente, na matéria, o que está na mente humana. As ideias ganham vida na nossa superfície graças às imagens. Elas se tornam imagens! Ou seja, a representação visual de algo. É dar à luz o que estava escondido em uma espécie de "útero cerebral". Se eu tenho uma ideia qual é a primeira coisa que preciso fazer para que ela não escape na imensidão do universo dos meus pensamentos? Eu registro em papel. Uso códigos de linguagens como letras, palavras, números, desenhos para que elas existam no nosso mundo. Assim eu posso não apenas consultar, mas também compartilhar. Não existe conhecimento sem esses códigos, sem as imagens. Eles, junto com a nossa capacidade de raciocinar, é o que fazem o conhecimento acontecer. Logo, a imagem é a fonte que bebemos para todo conhecimento. Foram as representações visuais em forma de textos ou de desenhos que nos trouxeram o conhecimento da nossa própria história como humanidade. E até mesmo a oralidade das histórias nos permitiram imaginar, criar imagens mentais, daquilo que ouvíamos.

Conhecimento e imagem existem em simbiose. Uma coisa não vai a lugar nenhum sem a outra. Porque para conhecer precisamos ter acesso às imagens daquilo que estamos a conhecer. E essa imagem pode ter sido gerada há muito tempo, como uma tela de um pintor renascentista, por exemplo, ou estarmos vendo ela ao vivo, aqui e agora. Nossos olhos existem para capturar luz para que o nosso cérebro transforme esses impulsos elétricos e entenda o mundo que estamos vendo. Ele codifica e transforma em imagens mentais. E os outros sentidos que possuímos também cumprem a mesma função: existem para que a nossa massa cinzenta nos dê imagens. E as imagens não existem sem termos um conhecimento prévio daquilo. Elas precisam fazer parte da nossa cultura para o entendermos. O nosso cérebro vai construir significado a partir de outra informação a que temos acesso... a experiência passada. É assim que acontece a simbiose imagem e conhecimento.

Na história da nossa evolução o "não saber" não é apenas uma coisa ruim mas também é arriscada, perigosa. Por isso que existe aquela expressão "dar um pulo no escuro". No escuro não temos nenhuma imagem que possa nos garantir a sobrevivência. É um ponto de incerteza. E o recurso que o nosso cérebro utiliza é a imagem e o raciocínio que criam o conhecimento para enfrentarmos situações ou nos adaptarmos a elas. É nisso que ele trabalha o tempo inteiro criando percepções sobre tudo à nossa volta para gerar o máximo de certezas possíveis. E nada melhor do que o conforto de saber sobre as coisas para não darmos um pulo no escuro e, de repente, cairmos e nos machucarmos ou morrermos.

A luz nos revela a imagem e a imagem nos dá a experiência mental do conhecimento de algo. O conhecimento é como se fosse a luz para o cérebro. Ele nos dá certezas porque, somente, quando vemos é que temos certeza se alguma coisa é familiar ou se é uma ameaça para tomarmos decisões sobre como vamos reagir a elas. Imagem é a organização dos impulsos externos que recebemos. É uma sistematização das informações. É conhecimento!

Não sei se quem escreveu a história de Gênesis tinha conhecimento de Física, mas uma coisa é certa: havia um entendimento de que a luz é o que forma a imagem. A existência do mundo como o compreendemos se dá pelo que vemos e sentimos. São as imagens que nos dão esse senso de realidade. Me diga: você pode me afirmar, com provas, se tem vida inteligente fora do planeta terra? Não, não consegue. E por que não consegue? Porque você não tem uma foto para me mostrar, não tem um vídeo. Sem imagem, nada existe! Nem fora da terra e muito menos aqui no nosso planeta.

Você já parou pra pensar que a arte forense, como um retrato falado, um croqui de cenas de crimes, são imagens usadas para chegar ao conhecimento de crimes e de seus autores? Que uma impressão digital, ou seja uma imagem dos relevos da pele dos dedos, simbolizam a identidade de uma pessoa? Que um papel com uma foto (uma imagem de uma pessoa), junto com a impressão digital e a grafia de um nome próprio é o atestado oficial de existência de um ser humano? To falando do RG.

Quando atribuímos um nome próprio para uma espécie nós usamos códigos linguísticos - escritos ou orais - para trazer a existência em nossa mente de um determinado ser. Por exemplo, se eu falo ou escrevo "Barack Obama", logo vem à nossa mente a imagem mental do ex-presidente norte-americano. Se eu falo tartaruga, então vem à nossa mente o réptil em extinção. Diferente de eu falar tartaruga-ninja… Aí já é outro ser criado pela imaginação de um desenhista.

O que eu quero que você tenha completa ciência? De que tudo o que existe só existe por causa das imagens. Uma instituição, uma empresa, por exemplo, existe porque tem um ambiente físico e/ou digital que as pessoas podem identificar, ter acesso e frequentar. Sem isso, estaríamos tateando às escuras pelo mundo tentando a sorte de achá-la. E a existência delas se dá por causa das suas logomarcas, da grafia e da oralidade dos seus nomes, de papéis que atestem a sua legitimidade para atuar… Os mapas e imagens de satélites representam os territórios junto com bandeiras e figuras humanas como um presidente ou um rei, por exemplo. E vou mais além: sem uma conta em uma rede social não existiríamos mais na cabeça das pessoas que não nos veem pessoalmente.

Imaginação e imagem são o sonho e a realidade do nosso existir. As tartarugas-ninjas só existem porque alguém um dia imaginou e materializou com imagens. Tudo que está à luz é imagem! O resto é escuro, sem forma e vazio.

Imagem é a chave para o conhecimento sobre tudo e todos. ​​É a luz que revela e traz clareza. A razão é a luz! A propósito, a palavra razão vem do latim e significa pensar com clareza. Ela remete à luz do conhecimento. Ver, ouvir, sentir e raciocinar é processar as imagens e adquirir conhecimento.

Historicamente, demos o nome para o período da falta de conhecimento de "Idade das Trevas". E quando o conhecimento ressurgiu batizamos a era de "Idade das Luzes". Luz e conhecimento são a mesma coisa. E olha aonde chegamos! Em uma era lotada de luzes por todos os cantos… Pixels luminosos piscando nas telas dos computadores, TVs e celulares formando imagens, com códigos de linguagens infinitos, cheios de informação, cheios de conhecimento… O tempo inteiro! Lembrando que o excesso de luz causa cegueira. Não precisamos absorver todas essas luzes mas direcionarmos o nosso olhar, focar em determinadas coisas para conseguir raciocinar sobre elas e não se perder na imensidão de um mundo, excessivamente, iluminado. É para isso que existimos: para viver sob a luz, mas com o cuidado de compreender cada impulso elétrico por vez e adquirindo cada vez mais conhecimento. São etapas. É o ser humano atuando como co-criador em um novo momento de mundo. Naquela frase que dá origem ao mito das religiões abraâmicas diz que "Deus viu que a luz era boa". E de fato, ela nos trouxe e nos traz conhecimento de tudo o que sabemos existir. Estamos apontando a nossa lanterna cada vez mais longe e a cada imagem que vamos descobrindo, a nossa mente e a nossa consciência se expandem.

E quais aprendizados podemos tirar de tudo isso? Que imagem é a protagonista deste mundo; que ao limitarmos imagem à códigos de vestimentas é a coisa mais rasa que podemos ter desse assunto; Que imagem é a chave para qualquer conhecimento e com ela podemos ver, comprovar, contestar… Que ao contrário do que dizia uma famosa e antiga propaganda de refrigerante "Imagem não é nada. Sede é tudo!" agora podemos entender, de uma vez por todas, que sede não é nada, imagem que é tudo! Até porque se eu não vejo ou não sinto a água para identificá-la eu não posso ter acesso a ela e, logo, morro de sede. Sede sim é tudo, de forma metafórica, a sede do conhecimento! E, antes de terminar, só vou pedir uma coisinha: o último que sair, por favor, não apague as luzes. Obrigado!

Luciéllio Guimarães é estrategista de imagem pública, master expert da HSMU e professor da graduação 4D em economia da influência digital da PUC/PR