Mãos à obra
Teremos em 2022 lições para aplicar bem as diretrizes do marketing nesta temporada que se inicia com esta primeira edição deste veículo, que desde 1965 acompanha a evolução do negócio da propaganda no país. Nossa matéria de capa expõe a visão de executivos sobre as perspectivas para este ano novo.
A principal dessas lições é que o ano já começou. De verdade. Todos já estão de mangas bem arregaçadas para não haver desperdício de nenhuma oportunidade.
Faz algum tempo que esse negócio de esperar o Carnaval passar para ligar o botão start está fora de moda. Este ano, o cancelamento do Carnaval de rua em várias cidades brasileiras, dentre elas São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Olinda, contribuiu ainda mais para este salutar hábito de realmente começarmos o ano na virada da folhinha.
No mundo dos negócios, esse comportamento deixou de fazer sentido porque qualquer desatenção pode ser a gota d’água para que alguém opte pelos serviços de quem está de prontidão. Esse novo modus operandi é reflexo da era digital, que mudou completamente a forma de se fazer publicidade.
E para melhor. No passado, qualquer adequação exigia um prazo enorme para a correção de uma estratégia equivocada. Hoje, as agências e seus clientes identificam quase que automaticamente as falhas de uma ação e fazem, por assim dizer, o devido copidesque em tempo real.
As salas de performance monitoram 24 horas por dia o que se propaga nas redes sociais. Ou seja, o consumidor está no centro, no controle, no poder.
A busca da assertividade sempre foi a métrica do segmento. Agora, não permite estado de inércia. A proatividade ganhou lugar para não se perder de vista que o interesse dos clientes não é mais caçar bruxas. Mas, entrar em linha com o que vai permitir que seus shoppers fiquem satisfeitos e, também, mudem de opinião a seu respeito devido à agilidade para alteração de rotas que poderiam gerar colisão de interesses. E de negócios.
Claro, grandes pacotes comerciais continuam sendo vendidos e faturados com antecedência, caso do Big Brother Brasil, que estreia na grade na Globo no próximo dia 17.
Mas será que o fenômeno BBB deixou a Rede Globo acomodada? Pelo contrário, a equipe da executiva Manzar Feres, em parceria com agências e marcas, é incansável em trazer novas ideias para o devido e oportuno aproveitamento mercadológico nos mais de três meses de reality.
Cada segundo importa e quem estiver com as antenas ligadas vai sair na frente. O tempo não para. É tempo para esse novo conhecimento que exige mais do que a costumeira atenção dos atores que fazem da publicidade uma ciência que traz a motivação certa na hora certa para contribuir com as decisões de compra.
Os planos de mídia deixaram o padrão tradicional bem longe das novas gerações. A aceleração digital foi turbinada logo no início da pandemia da Covid-19. E trouxe para a mídia uma atenção nunca vista. O ronco do motor digital não permite que se durma no ponto. Ainda bem que passou a ser assim. Não só na publicidade, mas no live marketing, nas relações públicas, no trade marketing, na gestão de conteúdo, no marketing direto e na construção de branding.
Mesmo fora do escritório, executivos não deixam mais que o descanso proporcionado pelas férias seja desculpa para alienar a responsabilidade que têm com marcas, produtos e serviços.
Não estamos falando que um punhado de descanso seja ruim. Tirar férias é necessário à saúde mental e física e as equipes que permanecem nos escritórios dão conta do recado. Só que ninguém fica mais 100% desligado. Mesmo que seja para dar um pitaco.
O que a publicidade não faz mais é descansar da responsabilidade que tem como mola propulsora de todas as indústrias.
A necessária quarentena no início da pandemia mexeu com todos. Mas, logo, as soluções trouxeram luz para o negócio. O trabalho dobrou. E as agências se desdobraram para fazer as entregas necessárias para clientes cheios de dúvidas. As ideias surgiram para ativar pontos de contato, não importa o local de onde elas saíram. O trabalho dobrou, e os custos também, mas não comprometeu o ímpeto de se fazer bem feito, mesmo com a rentabilidade reduzida.
O Brasil é o país da reinvenção. Não adianta tentar colocar rédeas para travar o otimismo inerente no seu DNA produtivo. E de recomeçar. Muitos conceitos vão ser enterrados com mentalidades que não visualizam o que está à frente. E a publicidade também é a indústria da antecipação de cenários.
Essa visão de futuro transporta o Brasil e os seus profissionais para um lugar que é invejado por outros, tal o frescor das soluções propostas em campanhas que garantem retorno e credibilidade de Primeiro Mundo para a atividade.
A agilidade do digital agregou valor para que todos coloquem a mão na massa. Deixar para depois não está na pauta. Nem governos e nem autoridades são capazes de inibir a capacidade empreendedora da tríade formada por agências, anunciantes e veículos.
A publicidade só toma partido dos interesses dos consumidores que, mesmo com renda achatada, aceita a sua provocação para ir às compras. Como ocorreu na Black Friday e no Natal. Só que as marcas não podem ficar esperando a próxima Black Friday para vender mais. As agências estão habilitadas para fazer uma Black Friday por dia. Há um novo tempo, apesar dos perigos.
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Cenp
Continua repercutindo a posse de Luiz Lara no comando do Cenp. Manzar Feres, diretora em negócios de publicidade do Grupo Globo, se expressou: “Vivemos um momento de grande transformação da indústria. E acredito que Luiz Lara, com todo o seu histórico de contribuição para o mercado, tem muito a apoiar o desenvolvimento desse ecossistema, agregando esforços ao importante e fundamental papel do Cenp nesse contexto”.