Marketing de entretenimento: content antes do branded

Marketing e entretenimento são dois termos já bem conhecidos e a união entre eles pode resultar em um método eficiente para marcas, influenciadores e produtoras se conectarem com o público na atual sociedade dos excessos. Vivendo uma época de abundância de produtos, informações e plataformas - segundo pesquisa da BB Media, já são mais de 60 serviços de streaming -, é cada vez mais complexo atrair a atenção do consumidor.

Mas, por outro lado, existem outras formas de atrair e reter a atenção do seu público com foco hiper direcionado ao seu conteúdo, isto porque o brasileiro passa, em média, 3 horas e 46 minutos do seu dia nas redes sociais, segundo relatório de 2023 da We Are Social e Meltwater. Para isso, é necessário usar do marketing de entretenimento fortalecido pela criatividade, uma das grandes apostas das produtoras.

Na Farra, produtora criativa de entretenimento, temos um background no universo televisivo. Lá, a audiência, que serve como base na criação e desenvolvimento de conteúdo no audiovisual, manda no assunto. Este entendimento de fazer e de se criar, que antes era uma exclusividade dos veículos de mídia, está disponível para toda e qualquer marca ou influenciador que queira se enxergar como mídia de si própria.

Entender a marca como publisher e enxergar que ela mesma deve gerar seus conteúdos para entreter seu público é a chave de ouro para a comunicação efetiva nas redes sociais e nos canais proprietários. Então, a marca deve usar para o posicionamento de marca, além dos filmes de branding, da comunicação OOH (out of home) e do marketing de influência: o entretenimento de marca como base para seus conteúdos. A massificação das redes sociais abriu novas janelas e formas de consumo que precisam ser compreendidas individualmente.

Sabemos que cada plataforma tem a sua linguagem e, para o entretenimento de marcas, é preciso colocar o content na frente do branded, fugindo do jeito tradicional de se fazer conteúdo na publicidade. Ou seja, com o mandatório sendo o conteúdo e a marca se adequando a ele. Com isso, cria-se o ecossistema do serviço, que não se limita apenas ao call to action, mas também envolve relacionamento, criatividade, leitura de dados, volume, frequência, produção digital, e, claro, entreter como prioridade.

Um exemplo interessante: em parceria com a C&A, desenvolvemos uma liveshop chamada “Tudo Combinado”, com apresentação de Fernanda Souza, Gi Lancellotti e Fernanda Rodrigues. O objetivo da marca de roupas era divulgar os novos jeans, engajando o público a comprar as peças. Em vez de só falar do produto, criamos um gameshow e, durante os jogos, os produtos eram apresentados. Eram jogos de troca de roupas, outros para mostrar os novos cortes da marca, intercalando com histórias pessoais das apresentadoras.

O momento atual da comunicação é fantástico, pois a conversão de sucesso de vendas para as marcas vem através desse consumo dentro do entretenimento. Este é o caminho para comunicar. Segundo levantamento do VidMob, plataforma criativa de marketing, os anúncios gerados por creators conseguiram prender a atenção do consumidor com custos menores, diminuindo em 98% o custo por compra (CPM). Quantos seguidores um perfil de marca pode ter? Quantos conteúdos que sigam a personalidade da marca estão sendo produzidos para entreter esse público?

Quando uma marca investe em um influenciador, ela busca o entretenimento que a personalidade entrega para seus seguidores, a sua audiência. Mas ela está cuidando da audiência que ela mesmo detém? Ou está comunicando de maneira fria e imediatista?

Por isso, é necessário ter profissionais que surfem nas tendências das redes sociais e busquem entender quem está à frente do conteúdo, detalhes do público-alvo, o nicho, a plataforma em que o conteúdo será exibido e como se consome nessa janela. A partir disso, desenvolver caminhos criativos baseados em referências de formatos, conteúdos e consumo. Essa pesquisa é um processo divertido e superinteressante criativamente. Se todos se enxergarem como publishers, marcas e influenciadores, um mar de possibilidades se abre para a comunicação proprietária.

Gui Vieira é produtor executivo e sócio da produtora de entretenimento Farra