Com o aumento do número de brasileiros vacinados contra a Covid-19, ainda que somente na primeira dose, o país volta a se movimentar em busca de melhores dias para todos, o que se reflete na publicidade veiculada nos meios, a cada dia com maior presença.

Nossa torcida – e aqui cabe toda a população brasileira minimamente bem informada – é para que os políticos profissionais deixem suas diferenças de lado, ainda que por pouco tempo, e se empenhem na recuperação econômica do país, no mínimo para voltarmos ao ponto que atingimos quando teve início a influência nefasta da pandemia sobre nós e, em consequência, o aproveitamento por parte de alguns deles, principalmente, envolvendo-se em tramoias na importação dos insumos necessários à produção interna das vacinas e mesmo na aquisição de lotes delas prontos vindos do exterior.

Mais do que qualquer outro meio de comunicação, a televisão tem nos mostrado diariamente a batalha travada visando o lucro indevido de mandatários da nossa administração pública, em busca de vantagens colossais na aquisição de grandes lotes de vacinas vindas do exterior.

Voltando à publicidade, e é disso que tratamos em primeiro lugar neste periódico que completou 56 anos de circulação ininterrupta neste 21 de maio, com o reconhecimento de grande parte do mercado publicitário, através de anúncios específicos à data e veiculados em nossa última edição, observa-se o crescimento paulatino, nos últimos dias, da presença dos anunciantes nos diversos meios de comunicação. O destaque fica para o uso do online e isso teria de ocorrer um dia, pois a tradição do mercado revela que as novas modalidades dos meios de comunicação, desde que eficientes, tendem a se firmar com o correr do tempo e com o digital não poderia ser diferente, até pelo custo geralmente inferior em comparação com outras formas de meios em uso desde há muito.

Aproveitando-se desse fator e da instantaneidade que o online oferece para divulgar mensagens publicitárias, além do baixo custo da sua produção em comparação com seus concorrentes offline, a pandemia tem beneficiado com larga margem de vantagem sobre os demais meios o que ainda podemos chamar de o mais novo concorrente da mídia tradicional.

O mais importante, porém, nessa disputa da mídia, para servir à causa (combate à pandemia) e prosseguir auferindo faturamento e lucro para continuar se fortalecendo, é que as agências, maternidades dos bons anúncios e comerciais e das memoráveis campanhas que o Brasil se orgulha de produzir (que o diga o Cannes Lions), começam a retornar à vida comum de uma empresa de prestação de serviços. Dessa forma, isso facilita todos aqueles demais que formam o chamado mercado publicitário, no qual sempre se destacou a confluência de ideias, os aplausos para as melhores campanhas e mesmo peças isoladas, possibilitando ao nosso país um reconhecimento mundial, do qual até há pouco não desfrutávamos.

Esse reconhecimento acaba se espalhando por outros setores, proporcionando vantagens a todo o mercado exportador brasileiro, que tem ganhado muito com a valorização da nossa publicidade, ainda que não seja especificamente deste ou daquele produto beneficiado. Basta nos lembrarmos do respeito que os países devotam aos Estados Unidos, Inglaterra e França, para citarmos apenas três entre tantos, diante de toda gama de produtos que oferecem ao exterior. Não tenha dúvida o leitor: a cultura desse respeito provem e muito da publicidade de muitos outros produtos e temas nossos, despertando a admiração do mundo para a criatividade brasileira.

O raciocínio é simples: um país de boa e muitas vezes ótima publicidade não pode prejudicar essa imagem oferecendo produtos físicos que decepcionem os compradores internacionais. O princípio da qualidade é abrangente e é essa grande lição que aprendemos com a nossa propaganda.

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A presente edição do PROPMARK traça um panorama sobre os desafios que se abrem, oferecendo novas oportunidades para o setor de embalagens. Em um passado não muito distante, quando assinávamos bons produtos finais em muitos setores, mas decepcionávamos com a embalagem que adquiríamos para os mesmos, tínhamos dificuldades de vendas, tanto no mercado interno, como nas exportações.

Até que acordamos para a necessidade do casamento de uma boa embalagem com um bom produto, levando em conta, principalmente, que a embalagem é a primeira que aparece aos olhos do consumidor interessado.

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Imperdível nesta edição a entrevista com Luiz Sanches, chairman e CCO da AlmapBBDO (que um dia lá atrás o saudoso Alex Periscinoto me confidenciou que a agência havia adquirido os trabalhos de um gênio publicitário chamado Luiz Sanches, que seria reconhecido e aplaudido não apenas no Brasil, mas em todos os países que estimulam festivais e exposições publicitárias, com os devidos créditos dos autores, dentre eles o ainda até então pouco conhecido Luiz Sanches).

O profissional cresceu na sua envergadura publicitária e sua fama passou a ser conhecida e reconhecida inclusive fora do país. Ainda agora, por exemplo, acaba de ser convidado para presidir o júri de Outdoor do Cannes Lions 2021. E o que ele afirmou quando recebeu o convite? Em síntese, tudo o que defendemos neste editorial: “Os clientes nunca precisaram tanto de criatividade. E por quê? Porque essa pandemia evidenciou algumas coisas que hoje são absolutamente transparentes. Não adianta a marca falar que faz, ela tem de fazer, mais do que falar”. Simples assim, tão forte e verdadeiro assim como ele prega.

Luiz Sanches também fala sobre o trabalho remoto das agências: “Acho que a curto prazo funciona você trabalhar a distância, mas a longo prazo começa a mediocrizar a qualidade do trabalho”.

O leitor mais atento há de se lembrar que em nossos últimos editoriais fizemos essa observação, recomendando a reabertura das agências. Um trabalho de criação em equipe é sempre mais vantajoso, do ponto de vista de produto final criativo e, portanto, valoroso, do que um trabalho solitário, ainda que de qualidade superior e sendo unido por online.

Ao comparar com um time de futebol fantástico, como foi por exemplo a seleção brasileira de 1970, havia nela craques que eram superiores aos seus companheiros de time, mas, muitas e muitas vezes, destes digamos um pouco menos dotados saíam sugestões que completavam com brilho o produto final dos mestres.

Daí nossa insistência na reabertura das agências deixando de lado a “descoberta” de algumas, de que sai mais barato ($) deixar o seu pessoal trabalhar em casa, no mesmo sentido remoto que Luiz Sanches apregoou. Uma agência não ganha dinheiro economizando no aluguel das suas instalações físicas, mas nas ideias dos seus profissionais que, trabalhando em equipe, apresentam soluções aos clientes, que aumentam sensivelmente as suas vendas.