Metamorfoses dos influenciadores

Venho testemunhando, com entusiasmo, as notáveis mudanças que estão ocorrendo no cenário dos influenciadores digitais, e, na minha visão, essas transformações carregam predominantemente um caráter positivo.

Ao longo da história, a influência mútua entre indivíduos tem sido uma constante inegável. Em qualquer cenário com pelo menos dois seres humanos, a influência mútua é uma inevitabilidade. Com o avanço dos meios de comunicação, essa dinâmica ultrapassou fronteiras físicas, alcançando milhares através de jornais, revistas, rádio, televisão e, é claro, a internet, onde atingiu proporções colossais.

O poder de influenciar é simultaneamente extraordinário e assustador, moldando eventos notáveis e, infelizmente, desencadeando os mais terríveis. A influência é uma ferramenta utilizada para atingir objetivos que variam de questões imateriais até as extremamente materiais, e essa realidade persistirá.

Recentemente, deparei-me com a situação intrigante de um influenciador famoso envolvido em controvérsias sobre jogos de azar, que negou possuir poder de influência. Essa negação contraditória à sua posição como influenciador remunerado levantou questões relevantes sobre a responsabilidade que esses profissionais têm em relação ao conteúdo que promovem.

O cerne da questão reside no fato de que, quando os influenciadores têm a capacidade de impactar o consumo ou comportamentos, isso os coloca na posição de profissionais, merecendo remuneração e assumindo responsabilidade pelo que divulgam. Essa prática tornou-se inquestionável, a ponto de ser obrigatório classificar tais conteúdos como “publis”. No entanto, essa prática está agora sob escrutínio do público, que questiona a veracidade do uso ou não de produtos pelos influenciadores.

A autenticidade tornou-se um atributo valioso. Pessoas reais compartilham experiências de consumo de produtos, gerando conteúdo espontâneo, seja ele positivo ou negativo. À medida que a sociedade cresce e as pessoas começam a se valorizar e a se impor diante da sociedade, buscamos cada vez mais conteúdos gerados por indivíduos semelhantes. Não queremos mais comprar a imagem da perfeição inatingível; queremos ver pessoas reais, com corpos e imperfeições que todos compartilhamos. A busca pela autenticidade é uma tendência que espero nunca regredir.

Os anunciantes estão percebendo esse movimento, buscando incorporar, em suas comunicações e propaganda, imagens e vídeos gerados o mais próximo da realidade possível. Este será, sem dúvida, um elemento crucial nas estratégias de marketing em 2024.

Sempre questionei a importância e a responsabilidade que um indivíduo oficialmente designado como profissional influenciador deve carregar. Aquele que é reconhecido apenas por fazer dancinhas é realmente um influenciador? Do quê? E quanto aos que só postam vídeos dublando áudios engraçados, seria ele um influenciador de dublagens?

Respeito as escolhas de cada um em buscar seu lugar ao sol, mas, contraditoriamente à tendência de procurar pessoas reais como fonte de influência, temos indivíduos com milhares de seguidores sem uma justificativa evidente. É nesse ponto que reitero que existem espaços para todos, pois, ao mesmo tempo em que buscamos autenticidade, também precisamos de momentos de distração, nos permitindo simplesmente passar o tempo como quisermos

Essa mudança não implica que os grandes influenciadores renomados perderão sua relevância no marketing, mas sugere que eles precisam reavaliar seus papéis e se adaptarem a essa nova dinâmica.

Estamos em um momento valioso de mudanças de comportamento, valores e consumo. Estamos caminhando para uma verdadeira inclusão na qual todos seremos valorizados pelo que somos, com todos os nossos defeitos, virtudes e diferenças. Este é o fascinante panorama que se desenha no universo dos influenciadores digitais, e eu, particularmente, estou ansioso para ver como essas transformações continuarão a moldar o nosso cenário digital.

Allex Baptista é CEO da Immakers 4ds e da Ada Influencers
allex@immakers4ds.com