Metodologias proprietárias

Não é raro ouvir de profissionais do mercado publicitário, principalmente entre os mais velhos, que as agências não são mais as mesmas. Ainda bem! O mundo evoluiu e o setor de publicidade, sempre vanguardista, é um dos primeiros a acompanhar e espelhar as mudanças de comportamento dos consumidores.

Com certo saudosismo, alguns dizem que a profissão perdeu certo glamour, está  mais burocrática e menos apaixonante. A verdade é que, com margens mais apertadas e pressão por resultados, as agências de publicidade reviram suas estratégias de gestão, antes extremamente verticalizadas e com muitas camadas de hierarquias.

Para apoiar essa transformação, não à toa, elas desenvolveram metodologias próprias ou utilizam as ferramentas disponíveis no mercado para melhorar eficiência e facilitar processos, principalmente agora com o avanço da tecnologia. Matéria nesta edição traz depoimentos de vários líderes, que contam sobre as metodologias que utilizam nas agências, com diferentes nomenclaturas.

“Em um mundo pautado por rápidas transformações, com a necessidade de as marcas estarem cada vez mais conectadas e o apelo cultural ditando as conversas com os consumidores, é imprescindível orquestrar um modelo de trabalho que possa responder a essa realidade”, explica Marcelo Namura, chief strategy & operations da Bold.

Na Innova AATB, o Runrun.it é a principal ferramenta de gestão de tarefas. Somado a ele, tem o Smartsheet para apoio interno e na relação com os clientes, permitindo a eles terem a visibilidade sobre em qual estágio está cada uma das demandas.

“Para os times atuarem de forma ágil e colaborativa, usamos o Miro, utilizamos ainda combinação entre as ferramentas de IA, como Midjourney, ChatGPT, Canva AI e Gaspar.ai, adequando às que podem apoiar agilidade para cada área”, afirma Eduardo Mota, sócio e diretor de operações e finanças da agência.
A Lew’Lara\TBWA, por exemplo, tem como marca registrada em sua metodologia de trabalho o Disruption, desenvolvido nos anos 1990 pelo chairman global da TBWA, Jean-Marie Dru. Além do Disruption, a agência também utiliza o Backslash, uma central de inteligência cultural alimentada por uma rede global de mais de 300 observadores culturais de 70 escritórios em toda a TBWA.

“O Disruption é o olhar da quebra de padrão em todas as interações a favor de uma marca. O que faz com que uma marca seja disruptiva hoje? Neste momento, não existe outro caminho de marca forte que não seja de construção de impacto tangível, mensurável e prático. Por meio da metodologia, criamos ideias que constroem marcas e geram identificação — independentemente do meio”, explica Raquel Messias, chief strategy officer (CSO).

Tendência da vez no mercado, a inteligência artificial está cada vez mais presente no dia a dia das agências. No Grupo WPP, a plataforma de IA é chamada de Imagine e guia vários processos. “Através dela, conseguimos fazer diagnóstico competitivo, análise da imagem das marcas, análise SWOT, construção de personas, focus groups e matrizes de conteúdo para social”, conta Sumara Osório, chief stategy officer da VMLY&R.

Nova marca
O Itaú fez rebranding de sua marca para celebrar os 100 anos do banco em 2024, com estratégia desenvolvida pela Africa Creative e Galeria.ag. Com o novo conceito “Feito de futuro”, o objetivo é inspirar as pessoas sobre a importância do tempo, do legado e da longevidade. Mudança grandiosa, segundo o banco, foram 22 meses de trabalho, mais de 70 estudos de cores, cerca de 100 estudos tipográficos, que reavaliaram forma, cor, fontes, grafismos e expressões analisados pelo time interno de branding em parceria com especialistas.

Frase: “Democracia é quando eu mando em você. Ditadura é quando você manda em mim.” (Millôr Fernandes).

Armando Ferrentini é publisher do propmark