Em relação aos últimos 18 meses, os da pandemia, eu tenho procurado ressaltar e valorizar em meus comentários, que nada se compara, nem de longe, à emoção do físico, do live, do presencial. Nada se compara, nem de longe, ao perto. Nos negócios, e na vida. Pessoa com pessoa. Amigos com amigos. Mães e pais com os filhos. Avós com netos. Irmãos com irmãos. Ao vivo. Olhando, vendo, ouvindo, tocando.

Profissionais com profissionais. Próximos, olho no olho, acompanhando e lendo movimento de corpos, braços e mãos. Empresas construindo presencialmente uma narrativa forte e consistente somando milhares de corpos, corações e mentes. Repito, juntos, presencialmente, ao vivo.

Porém, e como diria Paulinho da Viola, ou, Coisas Desse Novo Mundo, Minha Nêga, o adensamento populacional, as dificuldades de acesso não apenas pelas distâncias, mas pela deficiência, insuficiência e falta mesmo de transportes, estão conferindo uma importância maior e única para algumas coisas – poucas, em caráter excepcional – que mais que podemos, que deveríamos sempre, optar pelo a distância. As tais das mais que justificadas exceções. Por exemplo, tentar ir e frequentar e ver,
as grandes telas de grandes pintores nos museus.

Lembro-me do dia em que fui ao Louvre e, virando uma das alas, caí na sala dela, Mona Lisa. Tremia de emoção. Finalmente, o encontro! Permaneci a 40 metros de distância, tendo na minha frente uma centena de turistas japoneses, todos com câmeras e fotografando. Uma Mona Lisa que, depois de vítima de vandalismos, estava trancafiada numa caixa de aço, com um vidro de dupla densidade e à prova de balas e de idiotas, protegendo. Além de dois guardas de armas em punho para qualquer eventualidade. O constrangimento, o aparato, a loucura era de tal ordem que mesmo vendo não enxerguei nada. Muito menos ela, a Mona Lisa. Objetivamente, fiquei muito próximo, mas, não vi Mona Lisa.

Semanas atrás matéria no The New York Times, comentando sobre todas as mudanças, correções, reformas, que o Louvre vem fazendo aproveitando os meses fechado pela pandemia. E a matéria é ilustrada pela sala onde se encontra ela, Mona Lisa. Permanece na mesma caixa blindada que eu vi a distância, agora com uma série de grades definindo a distância máxima que os visitantes têm de guardar, e assim, e se você for ao Louvre depois que reabrir, prepare-se. Você, mesmo no mesmo espaço que ela, Mona Lisa, tudo o que verá é um vulto… Talvez forneçam binóculos… E hoje, e ao invés de japoneses em sua frente, milhares de chineses…

Isso posto, e nessa circunstância, abro uma exceção e afirmo. Diante das novas realidades do mundo em que vivemos, se você quiser ver um quadro cara a cara, de pertinho, sentir suas nuances, testemunhar o ritmo das pinceladas de Gauguin, Picasso, Van Gogh, e tentar mergulhar no sorriso dela, Mona Lisa, obra monumental de Leonardo Da Vinci, também conhecida como La Gioconda – a sorridente – recomendo ver de sua sala, de casa, e recorrendo a duas dúzias de alternativas disponíveis. Muito especialmente se você tem uma boa e grande televisão com imagem das duas últimas gerações.

Isso posto, queridos amigos, esqueçam como referência de qualidade, ensino e trabalho a distância. Em muitas circunstâncias é a única alternativa possível, mas, sempre que possível, o presencial segue dando de goleada. Agora, ver a Mona Lisa, os quadros de Van Gogh, Rousseau, Renoir, Degas, a distância, mais que melhor, é praticamente a única possibilidade. Nas situações e circunstâncias do momento, a maior distância que você coloca-se diante de uma obra de arte é, por mais absurdo que possa parecer, presencialmente.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)