Era grande a expectativa. Como a Natura & Co divulgaria seus resultados referentes ao ano de 2019. Semanas atrás divulgou o de 2020, mas, a grande expectativa mesmo, era para o de 2019… Onde, pela primeira vez, de forma mais tranquila e consolidada, poderia apresentar não apenas os números dos balanços de Avon, Natura, The Body Shop e Aesop, como também, principalmente, o que essas quatro grandes empresas têm, ou, passariam a ter em comum. E o relatório mais que correspondeu. Era o relatório da integração. Quatro em um, lembram, como nos velhos tempos dos doces em lata da Cica… Saudades!

Numa das páginas de um caderno dos jornais, antecedendo os números, dois blocos com duas narrativas. Na primeira, os fundadores e sócios de um negócio que começou numa pequena farmácia na Rua Oscar Freire, na cidade de São Paulo, comentando sobre a longa, profícua e vencedora trajetória: eles, Antônio Luiz da Cunha Seabra, Guilherme Peirão Leal, Pedro Luiz Barreiros Passos. E ainda com a assinatura do presidente-executivo, Roberto de Oliveira Marques. 50 anos depois, uma grande vitória sob todos os ângulos de análise.

Nesse primeiro bloco de texto, que tem como título Celebrando os Tempos que Vivemos, os quatro reiteram os compromissos e propósito que trouxeram a Natura até aqui e a levarão adiante, muito mais adiante: dizem… “A aurora é lenta, mas avança, dizia o poeta. É com essa natureza de esperança, de crescimento da solidariedade no mundo, que continuaremos atuando com nossas empresas. Contemplando o passado, nos orgulhamos do modo como esses quatro negócios em caminhos paralelos se estruturaram e, no tempo devido, se encontraram. E, olhando para o horizonte, nos sentimos profundamente otimistas sobre as perspectivas de um grupo em que cada companhia preserve a sua identidade e manifeste sua essência, ao mesmo tempo em que demonstre o poder de suas forças. Esta soma de energias certamente será fundamental nesse caminho de construção da melhor empresa de beleza para o mundo.” Sentiram… Um aprimoramento do propósito, “a melhor empresa de beleza para o mundo…”.

E, no segundo bloco, a manifestação dos quatro executivos que cuidam das quatro empresas/marcas, Avon, The Body Shop, Natura e Aesop. Onde detalham todo o processo de integração do que era possível e passível de ser integrado, a independência de gestão das marcas e operações, mais a unidade de pensamento e crenças, dizem: “Entender os desafios e oportunidades impostos pelo século XXI a uma empresa que ganhou nova escala requer um tipo diferente de liderança, mais representativo, engajado e comprometido com o impacto positivo. Por isso, iniciamos 2020 absolutamente entusiasmados com o que o futuro nos reserva. Sabemos que os aprendizados dessa jornada serão enormes, mas juntos temos a confiança de que seremos capazes de encontrar um caminho comum para um futuro próspero”.

É isso, amigos. A velha farmácia da Oscar Freire, 50 anos depois, é um gigante global do território da higiene e beleza. Quais os desafios que os fundadores, os executivos de cada uma das marcas, consideram enfrentar daqui para frente, além da consolidação de todas as conquistas?

É o que saberemos nos próximos anos, e continuaremos acompanhando, comentando, analisando, aprendendo e seguindo com imensa e forte emoção. E, por que não dizer, com orgulho da obra magistral desses brilhantes empresários. Finalmente, uma empresa brasileira, de um território mais que complexo, competitivo e desafiador, chegou lá! Fizeram por merecer.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)