É muito angustiante acompanhar o recrudescimento da pandemia em nosso país. O imobilismo e o negacionismo inicial do governo federal cobram o seu preço agora, nos colocando como o país com a pior situação em relação ao combate à pandemia no mundo.

Logo nós, que temos um histórico de programas de vacinação eficazes, erradicando doenças e protegendo a população em outras ocasiões. A inépcia governamental nos faz prolongar um sofrimento em presenciar tantas mortes, que poderiam ser evitadas. Mesmo aqueles que conseguem passar incólumes no campo da saúde sofrem absurdamente com perdas de empregos e destruição de negócios, por conta da crise decorrente da pandemia.

Tudo muito triste e revoltante. Mas não podemos nos abater. Ao contrário, a hora é de cobrar ação dos governantes e de agir do jeito que for possível para ajudar aqueles desamparados. Diversos movimentos foram criados pela sociedade civil e devemos nos engajar.

Nada substituirá uma coordenação centralizada do governo, mas podemos minimizar o sofrimento com ações de suporte a necessitados e, principalmente, de cobrança, como têm feito diversos setores da sociedade, emitindo manifestos, exigindo ação. Mas há um outro movimento que precisa ser feito, que é a preparação para pós-pandemia.

Sim, porque, apesar de tudo, ela vai passar e precisamos nos preparar para potencializar uma retomada. Uma retomada de ânimo, de esperança e de ação. Devemos preparar o “renascimento” pós-pandemia. Em julho de 2020, quando imaginávamos ser possível domar a pandemia em menor espaço de tempo, a Ampro realizou um evento chamando o mercado de live marketing para se preparar para a retomada.

Depois, em outubro, foi a vez da Expo Retomada, que demonstrava a aplicação de protocolos e lutava para a retomada das feiras e dos eventos corporativos e comerciais. Todo esse movimento foi em vão, frente a uma recidiva da pandemia, nos levando agora para um patamar inimaginável de mais de 4 mil mortes em apenas um dia. Mas devemos respirar fundo e fazer um esforço para imaginar uma retomada consistente, que deverá acontecer após uma imunização rápida e eficaz. E nos prepararmos para ela.

Vi, com inevitável inveja, uma campanha feita por publicitários americanos em torno da cidade de New York. A campanha se apoia no brilhante jogo de palavras, tratando a Big Apple de Now York. Sim, Now, de agora! Uma campanha que conclama os americanos e turistas de todo o mundo a voltar a viver New York.

Museus, restaurantes, casas de espetáculo, comércio, todos estão se engajando, acrescentando às suas marcas a palavra Now. MoMa Now #nowyork; BaltahazarNow #nowyork; Blue Note Now #nowyork. Brilhante! A iniciativa é liderada pelo CEO da TBWA/Chiat/Day New York, Rob Schwartz, envolvendo outros talentos do mercado de comunicação e marketing dos EUA, como o CEO da Advertising Week, Matt Scheckner.

É a indústria criativa dando sua contribuição para uma retomada. Uma grande contribuição porque, depois de tanta destruição e de uma inevitável avalanche de notícias ruins, é preciso criar um novo ambiente, de esperança e de renovação de atividades.

A comunicação tem um importante papel nesse processo. Sempre! Tem sido importante para mobilizar autoridades, para estimular as pessoas a se vacinarem (quando possível) e, agora, para “come out and play” (“venha para fora e curta”, numa tradução livre), como prega a campanha.

Antes, era #Fique em casa, agora é #Volte a curtir a sua cidade. Quando poderemos fazer o mesmo por aqui? Quando poderemos conclamar a todos para voltarem a se divertir por inteiro? Não só em São Paulo, mas em todo o Brasil?

Como nós, da indústria criativa, podemos preparar uma mobilização para essa retomada? Eu sei que o momento é bastante preocupante e devemos agora dirigir esforços para superar essa fase crítica. Mas não podemos, em paralelo, preparar a mobilização para um retorno seguro? Vamos pensar nisso?

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) (alexis@ampro.com.br)