No meu DNA: o entusiasmo

Tudo começou com o golpe de Estado no Chile, eu tinha 11 anos e vivenciava uma guerra civil que mudaria radicalmente a minha vida pessoal e profissional.

A partir dessa data, teria de lidar com várias perdas; deixar a minha grande família, abrir mão da maioria dos nossos bens e tudo que significava segurança.

E, no meio do caos, vim com meus pais e irmãos para o Brasil. Naquele momento também ficava para trás o país onde eu tinha nascido, e para a frente um futuro absolutamente a ser desvendado, que seria feito de escolhas.

Cheguei em solo brasileiro no Rio de Janeiro.

A Cidade Maravilhosa brilhava e refletia meu novo futuro em um país desconhecido com uma nova língua, a qual nada entendia, sendo meu primeiro grande desafio.

Mas, meu espírito se enchia de ânimo e esperança por um novo recomeço, apesar do medo do desconhecido e do que poderia acontecer.

Depois de algum tempo, quando eu tinha 14 anos, meu pai faleceu aos 45 anos e ficamos praticamente sozinhos no Brasil.

A última coisa que ele me falou marcou muito a minha vida.

Suas palavras foram: “Esteja sempre preparada para perder tudo. E depois que você perder, esteja pronta para ganhar tudo de novo em dobro”.

Assim aprendi mais uma lição: que a palavra “vencedor” significa “vencer a dor”. No momento em que você vence a dor, você supera as dificuldades e enxerga o valor de cada conquista. E eu falei aqui em cima do entusiasmo. Eu sempre fui movida a automotivação e iniciativa, e o meu entusiasmo me acalmava.

Ao cultivar o sentimento de entusiasmo, o destino conspirou a meu favor e o pensamento positivo teve um poder infinito, tornando-se o alicerce de minhas vontades, pois, ao esperar o melhor, você cria uma expectativa positiva que te conduz a vitórias.

E vitórias são conquistas. E conquistas trazem a segurança que acalma a alma.
O que o meu entusiasmo sempre buscava, era o domínio. Com adequada informação e foco na estratégia, você faz acontecer. Todo o meu DNA, significa colocar as ideias em prática materializando os projetos.

Eu comecei a entender que alguns bons sentimentos aliados a sonhos moviam as pessoas para frente, que o entusiasmo fazia parte de mim e, sustentada por ele, iniciei minha escalada.

A minha primeira oportunidade de trabalho foi em 1982, como garota propaganda, onde atuei por alguns anos. Eu já trabalhei como produtora de cinema, publicitária e diretora-comercial.

Em 2017, mudei para o trade marketing digital e dessa vez para desbravar o mundo do e-commerce, um mundo em que eu chegava novamente muito entusiasmada, o que me dava todas as possibilidades de ir atrás de qualquer coisa e informação que eu precisava ter.

Meu grande desafio agora é contagiar, contaminar, inspirar e entusiasmar o maior número de colaboradores que conseguir. Nesta fase, tudo que eu quero é passar o meu conhecimento.

Eu tenho 59 anos. Faço 60 anos em setembro.

Vamos dizer que tenho mais 10 anos de caminhada? E depois uma casa no campo?

A minha história conversa muito com o arcano 0 do tarot: O Louco. Ele leva uma rosa branca na mão direita, que é a sua pureza, inocência e confiança.

Ele tem um cachorro do lado que cuida dele, inclusive, do que ele não sabe, mas forçando-o a aprender lições ao longo do caminho.

E atrás desse arcano tem uma montanha, que é tudo que ele deixa para atrás. Este arcano simboliza novos começos, novas experiências e o início da jornada.

Essa sou eu. A publicitária, a marqueteira e a digital movida a entusiasmo.

Claudia Mualim Fajuri é head of content execution & retail relations na Intellibrand By Ascential