O ano de 2021 ficará marcado no ecossistema de startups no país: foram investidos mais de R$ 33 bilhões, em mais de 220 empresas, somente nos 10 primeiros meses do ano, o que representa três vezes mais do que o recorde anterior registrado no ano de 2020.

Esse dado representa muita coisa. A primeira é que, mesmo com a recuperação da economia nacional caminhando a passos lentos, o setor privado, mais uma vez, consegue se sobressair e atrair investidores estrangeiros. Esse fato também ocorre por conta da desvalorização do real em relação ao dólar, o que faz o risco do investimento se tornar menor.

Empresas que utilizam tecnologia como serviço como as do setor de software, para atendimento e comunicação, e do segmento financeiro para transações, como as fintechs, foram as que mais se beneficiaram nesse período. Segundo dados da ABVCAP, mais de 90 companhias de ambas as áreas receberam investimento neste ano, e isso se deve muito pelas mudanças de hábitos dos consumidores que o isolamento social forçou: o aumento nas compras por meio do e-commerce.

Dados da Nielsen apontam que as vendas do e-commerce brasileiro chegaram a R$ 53,4 bilhões só no primeiro semestre de 2021, o maior já registrado, um aumento de 31% em relação ao mesmo período de 2020. Foram 42 milhões de pessoas comprando pelas plataformas online, sendo 6,2 milhões de novos usuários.

E a digitalização não deu oportunidades somente a novos canais, pois setores tradicionais também foram impactados. Em 2021, por exemplo, o país registrou que cerca de 42% dos brasileiros já têm uma conta em um banco digital – a projeção é que empresas de tecnologia representem 4,5% do PIB brasileiro até o fim do ano; e a tendência é que esse número supere os 10% até 2025. Para ter uma ideia, o valor de mercado dessas empresas representa 69,8% do PIB dos Estados Unidos. Esse número também já é representativo em países da ásia como a China (30,2%) e Índia (14,2%).

Outro setor “beneficiado” nos últimos meses é o segmento de marketing digital. A pandemia encerrou as atividades de muitas PMEs, e as que só atuavam no offline tiveram que se digitalizar e investir no online para competir e até mesmo sobreviver. Cerca de 20 empresas que atuam com marketing e performance receberam fundos de venture capital neste ano.

O fato é que nos primeiros 15 anos deste século, a Argentina era o único país da América Latina a produzir um unicórnio, com o Mercado Livre em 2007. Esse cenário começou a mudar em 2018, e de lá pra cá o Brasil já formou mais de 20 companhias que valem mais de U$S 1 bilhão – todas utilizam tecnologia como modelo de negócio.

O ano de 2022 será ainda mais próspero para o mercado nacional. Além dos setores citados acima, a área da saúde, varejo e educação estão a passos largos rumo ao capital aberto. O mercado brasileiro já é uma realidade e se tornou referência em inovação e oportunidade.

Dener Lippert é CEO e fundador da V4 Company