O Brasil da criatividade

Em 2017, a ONU incluiu no seu calendário oficial o Dia Mundial da Criatividade e Inovação, que passou a ser comemorado em 21 de abril. O que pouca gente sabe é que tem um brasileiro por trás desta data. Lucas Foster. Foi dele a ideia de criar um festival internacional colaborativo de criatividade em torno do dia 21 de abril. E, em 2021, o festival alcançou nada menos do que 121 cidades, de 15 países.

Lucas é um desses brasileiros inquietos. Em 2011, foi um dos pioneiros do corporate venture no Brasil ao fundar a Project- Hub, plataforma de conexão entre empreendedores e grandes empresas, atendendo clientes como Google, DuPont, Cartão Elo e Mercado Livre.

Em 2020, criou a Originals Network, holding de negócios criativos proprietária das empresas ProjectHub, LabCriativo e Originals Media House, com foco em criatividade, tecnologia e serviços de conteúdo. Outro dia, conheci mais um desses brasileiros que colocam a criatividade em primeiro lugar: Alex Lima, cofundador da Transcriativa.

A Transcriativa é o único projeto do Brasil chancelado pela frente mundial Unesco de Sustentabilidade (Cátedra Barcelona), criadora do Movimento Transformação Criativa, evento Borogoday, websérie Transcriativa mLabs, documentário 11 Passos para sua Transformação Criativa, Borogodó University, Base Transcriativa (na Bahia) e muito conteúdo colaborado pela comunidade de +10.000 profissionais e empreendedores que acreditam na criatividade como ferramenta de transformação. O que Lucas e Alex têm em comum é a convicção de que a criatividade é o maior ativo de uma pessoa, de um país.

Lucas pensou grande e criou o maior festival mundial colaborativo de criatividade. Alex e seu grupo da Transcriativa têm planos ambiciosos de fazer o Brasil ser reconhecido pela capacidade criativa dos seus moradores.

“O borogodó natural dos brasileiros é o nosso maior ativo e o mundo precisa saber disso”, diz Lima. Outro ponto em comum entre eles é o ativismo. Ambos são criativistas. Ou seja, usam a criatividade para um ativismo positivo, de transformação. E, como se não bastassem pontos em comum, há outro: os dois são baseados fora de São Paulo. A performance criativa dos publicitários brasileiros tem visibilidade internacional. Quando vamos ao Cannes Lions, por exemplo, vemos publicitários brasileiros reverenciados, reconhecidos entre os maiores talentos criativos do mundo.

Mas toda essa capacidade criativa extravasa os grandes centros. Ela está presente nos rincões mais improváveis desse Brasilzão. Em tempos de trabalho remoto, basta uma boa conexão de internet para se inserir no universo das soluções criativas. Há anos, tenho tido a oportunidade de apresentar o melhor do Cannes Lions em roadshows pelo Brasil, graças a uma parceria firmada com o Estadão, representante do festival no país.

Nessas andanças, me deparo com expressões criativas de todo o tipo, corroborando essa percepção de que a criatividade não é um privilégio de poucos Faria Limers. E agora tive a sorte de conhecer esses dois ativistas da criatividade e inovação e participar um pouco das suas atividades.

A convite de Lucas, fiz a Fala Magna do World Creativity Festival 2022, sob o tema Criativismo ESG: ativismo criativo por um mundo melhor. Nesses tempos distópicos que estamos vivendo, sob a liderança (?) de governantes beligerantes e insensíveis aos maiores problemas da humanidade, encontrar forças da resistência criativa e poder participar de um movimento genuíno de transformação da sociedade, sobre os pilares dos princípios ESG, é alentador.

Acreditamos no poder da onda ESG, que, como um tsunami do bem, pouco a pouco entra na pauta de empresas e instituições de todos os portes.

E, para terminar, transcrevo aqui um parágrafo do manifesto da Transcriativa: “Acreditamos que a criatividade brasileira, com seu potencial humano e imaginativo, é o nosso maior ativo nacional, com potencial de ser ferramenta estratégica na solução de problemas para todo o mundo”. Assim seja!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br