O exemplo brasileiro da Vila WPP

Quem ontem esteve no coquetel de inauguração oficial da sede do WPP na Vila Leopoldina ficou positivamente surpreso. Algo monumental e de muito bom gosto. Nada de prédio corporativo com fachada de vidros espelhados.

Num quarteirão da Av. Mofarrej, ergueram desde a primeira estaca um monumento ao mercado da comunicação. Com corredores ao ar livre, que me fizeram lembrar dos bons tempos de estudante no Colégio Visconde de Porto Seguro, com a mesma sensação de ar fresco na cara ao sair de uma sala de aula ou, no caso da Vila WPP, de uma sala de trabalho.

Não é uma estrutura para todo tipo de negócio. Nada a ver com mercado financeiro ou escritórios de advocacia, por exemplo.

Muito a ver com quem gosta de trabalhar à vontade. Sem frescuras. Sem dress code. Com quem sabe que o talento tem de estar na pessoa e não na suntuosidade de colunas ou da manjada arquitetura art nouveau com decorações para lá de exageradas e milimetricamente pensadas, mas que, se bobear, as plantas são de plástico.

Não. A Vila WPP é feita de blocos de concreto aparente, mesas de tampo branco e cadeiras grafite de ótima ergonomia. E verde. Muito verde numa imensa área central aberta aos céus. Chamar aquele espaço todo de jardim de inverno seria limitar sua dimensão no imaginário de quem lê estas linhas.

Impressiona aos olhares mais atentos porque, como dito, não é o padrão de um ambiente corporativo a que nos acostumamos.

Daí advém dois grandes méritos da nova sede do WPP em São Paulo.

Um foi a coragem de construir um edifício comercial que foge ao padrão corporativo. Coragem porque se, no futuro o WPP desejar de lá sair, não terá pretendentes dos mais variados negócios da cidade de São Paulo dispostos a se instalar ali devido às suas características incomuns.

Este mérito se entrelaça a outro, ainda maior. Que é o simbolismo dessa construção toda num momento de enxugamento de verbas, de redução de equipes e de discussões sobre tecnologias como a IA substituindo postos de trabalho na atividade publicitária.

Como fez questão de frisar ao término do seu discurso presencial de boas-vindas aos convidados, Cindy Rose, nova CEO global do grupo WPP, a Vila WPP é a demonstração da crença do grupo na publicidade e, sobretudo, no mercado brasileiro.

O WPP sabe o que quer. Quer continuar a crescer no Brasil. E para isso, acaba de inaugurar uma casa linda onde viverão gerações e gerações de profissionais da nossa publicidade.

Por décadas. Muitas! E que assim seja.

Tiago Ferrentini é publisher do propmark