O futuro sustentável: entre desafios e oportunidades

Vivemos tempos paradoxais. Por um lado, a crise climática se manifesta de forma cada vez mais severa: secas prolongadas, tempestades devastadoras, ondas de calor extremo e desastres ambientais de proporções alarmantes.

O planeta nos envia sinais claros de que não há mais tempo a perder. A preocupação é legítima, afinal, os impactos mais graves dessa crise talvez não sejam sentidos em toda sua dimensão por nossa geração, mas certamente marcarão a vida de nossos netos e bisnetos.

Por outro lado, há razões para acreditar que ainda existe um caminho possível para a reversão desse processo. A humanidade tem demonstrado, ao longo de sua história, uma notável capacidade de inovação justamente nos momentos em que se vê diante de grandes desafios.

E é essa capacidade que se apresenta, mais uma vez, como fonte de esperança. Neste exato momento, em diferentes pontos do planeta, há milhares de cientistas, engenheiros, empreendedores e investidores dedicados a encontrar soluções para o aquecimento global.

Muitos não o fazem apenas por altruísmo ou consciência ambiental, mas porque identificaram algo essencial: as soluções para a crise climática também representam oportunidades de negócios.

É exatamente nesse encontro entre necessidade urgente e geração de riqueza que reside um dos motores da transição para uma economia de baixo carbono.

As placas solares, por exemplo, que há poucas décadas eram caras e restritas a nichos específicos, hoje já fazem parte da matriz energética de inúmeros países, inclusive do Brasil.

O mesmo ocorre com a energia eólica, que se expandiu de forma exponencial, a ponto de algumas regiões do Nordeste brasileiro exportarem energia limpa para outras áreas do país.

A biomassa, resultado da vocação agrícola nacional, também se consolidou como alternativa sustentável e competitiva. Enquanto isso, novas fronteiras tecnológicas seguem sendo exploradas.

O hidrogênio verde, por exemplo. Recentemente, chamou atenção a aposta do Japão na chamada Energia Azul ou Energia Osmótica, que gera eletricidade a partir da diferença de salinidade entre água doce e água salgada. Utilizando películas especiais que permitem a interação entre esses dois ambientes, cria-se um processo osmótico capaz de liberar energia limpa.

O que parece ficção científica pode, em alguns anos, se tornar realidade industrial — assim como aconteceu com a energia solar ou eólica.

O futuro da humanidade, portanto, não está condenado a um colapso ambiental inevitável. Há riscos, sem dúvida, e eles são sérios demais para que baixemos a guarda.

Mas há também movimentos concretos que apontam para soluções possíveis. A questão central é a velocidade: precisamos acelerar a adoção dessas tecnologias, investir em inovação e garantir que governos, empresas e sociedade civil atuem em sintonia.

E não cair na tentação de intensificar a exploração de fontes energéticas sujas, como o petróleo. Não se trata apenas de evitar o pior cenário.

Trata-se de criar um novo modelo de desenvolvimento, no qual prosperidade e sustentabilidade caminhem juntos. O Brasil, com sua biodiversidade, seus recursos hídricos, seu potencial de biomassa, hidrogênio verde e a força da energia solar e eólica, tem uma oportunidade ímpar de liderar essa transição global.

Se olharmos a história, veremos que a humanidade já superou desafios colossais graças à engenhosidade e à capacidade de adaptação. A crise climática não será diferente. A diferença é que agora não há espaço para esperar: a mudança precisa acontecer já.

Escolher olhar para o futuro com esperança não significa ignorar os perigos que enfrentamos, mas acreditar que nossa capacidade de inovar e cooperar pode ser maior do que a força destrutiva da crise.

O futuro sustentável não virá por inércia; ele será construído pela coragem de apostar em novas soluções e pela determinação de sermos um agente da mudança.

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br