O impacto da Web3 no futebol

A maior festa mundial do futebol começou! Ao longo de 28 dias, o torneio esportivo mais importante do planeta deve ser assistido por aproximadamente 5 bilhões de pessoas ao redor do mundo. Realizada no Catar - pela primeira vez no Oriente Médio - a edição promete ser a mais digital de todos os tempos, trazendo muita inovação e tecnologia como aliadas na missão de fortalecer o engajamento entre torcedores e marcas. E muita coisa mudou na sociedade como um todo desde a última edição da competição, em 2018, na Rússia.

Um exemplo disso são as iniciativas na chamada Web3 ou web 3.0, que vem exigindo das empresas de diversos setores econômicos atualização e busca por inovação no seu modelo de negócio. E o mundial é uma excelente oportunidade para que as marcas busquem maneiras diferentes e inovadoras para chamar a atenção  dos consumidores e, assim, potencializar os resultados e ajudar na escolha da estratégia mais adequada, conseguindo assim surpreender e atrair um maior número de admiradores.

A adesão às novas tecnologias pode render excelentes oportunidades de negócio durante o campeonato, especialmente para a indústria do esporte, que busca se conectar com seu público por meio de comunidades virtuais, redes sociais, sempre explorando novas experiências e produtos. A Federação Internacional de Futebol (FIFA), além de outras marcas do setor esportivo, vem buscando o engajamento digital com iniciativas que unem diversos conceitos da Web3, como metaverso, blockchain e NFTs. Veja alguns exemplos de ações que estão sendo desenvolvidas:

FIFA na Web3
A FIFA anunciou seus próximos quatro jogos licenciados, todos eles de alguma forma utilizando tecnologias baseadas em web 3.0 e blockchain. São eles:

- AI League: FIFA World Cup Qatar 2022 Edition

- FIFA World Cup Qatar 2022 in the Upland Metaverse

- Matchday Challenge: FIFA World Cup Qatar 2022 Edition

- FIFA World Cup Qatar 2022 on Phygtl

A novidade se trata de cryptogames com jogabilidades diferenciadas com o objetivo de envolver um grupo maior de fãs do esporte. AI League será basicamente um jogo disputado por dois times controlados por inteligência artificial, com o jogador interagindo somente de forma tática e em momentos específicos. O jogo acontece após o encerramento da Copa do Mundo. Já o jogo de negociação de propriedades NFT, Upland, permitirá aos jogadores colecionar alguns materiais digitais oficiais, como por exemplo itens nostálgicos de torneios históricos.

O Matchday Challenge é um jogo social de cartas com características casuais no qual os jogadores competem para ver quem tem as melhores previsões sobre o torneio. Por fim, o Phygtl, será uma "experiência imersiva" na qual jogadores poderão unir forças em uma missão para criar a primeira recompensa digital criada por fãs em todo o mundo.

Além dos jogos, a FIFA também lançou os primeiros tokens não fungíveis de sua plataforma exclusiva na blockchain Algorand, a Fifa+ Collect. Os NFTs estão sendo comercializados em “pacotes de figurinhas”, sendo que cada um deles custa US$ 4,99. Após abertos, eles revelam vídeos icônicos da história da competição. Segundo a FIFA, os NFTs seriam uma espécie de complemento e evolução dos álbuns de figurinhas comuns.

As indústrias de criptomoedas e blockchain também ajudarão a FIFA em sua “estratégia de ativos digitais” fornecendo uma “solução oficial de carteira digital” e trabalhará em conjunto com a federação no desenvolvimento de anúncios, cujo objetivo é explicar a tecnologia blockchain e os NFTs para o público da Copa.

Emissora responsável pela exibição dos jogos
A Sportv, que será responsável pela exibição exclusiva dos jogos na TV fechada, lançou a “Sportv Land”, uma experiência hospedada no Roblox. No ambiente virtual será possível competir e conseguir moedas disputando jogos como ‘Altinha’, ‘Cabeceio’ e ‘Caça às Estrelas’. Posteriormente, as moedas poderão ser usadas para participar de experiências como a ‘Roda-Gigante’ e comprar um lanche no ‘Food Truck’. Na experiência também será possível comandar a câmera do estúdio do Sportv.

Coleção da Budweiser transformará placares em NFTs
A Budweiser, parceira oficial do Mundial, anunciou o lançamento de uma coleção de NFTs intitulada "Budverse NFT for FIFA World Cup". Os NFTs da coleção combinam designs inspirados no evento e na história da cervejaria. De acordo com as informações disponíveis no site oficial do projeto, permitirá que os compradores selecionem o país que desejam seguir e emitam um placar que irá rastrear o progresso daquela seleção durante a competição.

Web3 e o futebol

E para compreender se o público está interessado em experienciar o metaverso, os dados da pesquisa “The World Cup 2022 Viewing Report” (A Copa do Mundo de 2022: relatório de visualização), da empresa de software e serviços de comunicação Amdocs, apontam que a grande maioria dos apaixonados por futebol está animada em experimentar o metaverso durante competições esportivas, como a Copa do Mundo. Além disso, no caso específico do Brasil, 56% dos torcedores dizem que pagariam um valor extra para vivenciar o ecossistema de realidade aumentada nos jogos do mundial, enquanto 29% acompanhariam o torneio pelo metaverso, desde que nenhuma taxa fosse cobrada.

É cada vez mais importante tornar os conceitos de Web 3.0 mais compreensíveis, acessíveis e, consequentemente, práticos para que marcas e empresas desenvolvam soluções e modelos de negócios baseados em novas tecnologias, podendo, assim, explorar ao máximo ações que possam impactar os fãs. E porque não aproveitar esse momento esportivo para isso?

Eu busco sempre destacar uma questão importantíssima: ao decidir-se por caminhar em uma trajetória de inovação, é preciso entender - primeiro - se e como todo o aparato tecnológico existente e disponível pode, realmente, trazer benefícios para quem mais interessa e importa nesta equação: as pessoas. A transformação genuína de todo e qualquer setor da economia só acontece quando o usuário é colocado no centro da transformação.

E falando em pessoas, a melhor sensação que um torcedor pode ter é sentir que faz parte do acontecimento. Fazer esse movimento na Copa, sem dúvida, é um passo a mais para que os fãs fiquem mais próximos de produtos e serviços, pois tendem a estar abertos a novas experimentações.

E, para além da Copa, mas ainda dentro do esporte, vemos ações como as do São Paulo Futebol Clube que lançou seu hub de inovação para desenvolver projetos de Web3, a fim de construir uma grande experiência de engajamento para os torcedores e fãs do time. Com o projeto ''Terra dos Campeões'', os interessados poderão adquirir árvores e experiências, entre outros produtos e serviços, também no ambiente digital, os quais utilizarão princípios de Web3. O objetivo é gerar receita e fortalecer a comunidade são-paulina dentro do metaverso.

E quem entra em campo também vem investindo em NFT’s, como grandes nomes do esporte mundial. A exemplo dos jogadores brasileiros Neymar Jr., que adquiriu dois NFTs da famosa coleção Bored Ape Yacht Club (BAYC) por cerca de R$ 6 milhões. A compra dos conhecidos “macacos entediados” não foi a única aquisição do craque no universo cripto. A coleção do atleta do PSG conta com mais de 18 obras, além de um fundo disponível para uso em torno de US$ 402 mil. Já o jogador Richarlison, craque do primeiro jogo do Brasil na Copa, lançou um NFT comemorativo e exclusivo, criando uma memória definitiva sobre a inédita ida a uma edição do campeonato mundial de futebol.

E se o futuro chegou até às quatro linhas de uma partida de futebol, não está na hora de começar as transformações necessárias no seu ramo de negócios?

Camilla Gurgel é diretora executiva & partner na startup Deboo