O mergulho na vida de quem vive de ideias

Para sair com uma única pérola, o mergulhador deve fazer em média dez mil mergulhos.

Quem se propõe a viver de ideias tem de estar conectado na cultura, saber pensar diferente e gostar de inovação.

Tudo isso já é muito difundido por aí, mas o que quase ninguém diz é que, além de tudo isso, tem de saber lidar com frustração.

J.K. Rowling ouviu “não” de 12 editoras antes que alguém apostasse em um bruxinho chamado Harry Potter.

Walt Disney foi demitido de um jornal porque seu editor acreditava que ele “não tinha imaginação nem boas ideias”.

Stephen King teve seu primeiro romance, ‘Carrie’, rejeitado por 30 editoras. Frustrado, ele chegou a jogar o manuscrito no lixo, mas sua mulher, Tabitha, resgatou o material e o incentivou a tentar mais uma vez. O livro se tornou um best-seller e o resto é história.

O roteiro de ‘Star Wars’ foi rejeitado por quase todos os grandes estúdios de Hollywood, incluindo a United Artists e a Universal.

Muitos executivos não conseguiam entender a história de um “conto de fadas de ficção científica” e achavam que o público não se interessaria.

Brian Acton e Jan Koum foram rejeitados em entrevistas de emprego no Facebook. Anos depois, o mesmo Facebook comprou o aplicativo que eles criaram, o WhatsApp, por 19 bilhões de dólares.

A famosa receita de frango frito do coronel Sanders foi rejeitada mais de mil vezes por restaurantes antes que alguém finalmente aceitasse fechar uma parceria. Ele tinha mais de 60 anos quando começou a franquia Kentucky Fried Chicken (KFC).

Assim como cada uma dessas histórias, as coisas nesse nosso mercado dão errado antes de dar certo e a probabilidade de uma ideia cair é muito maior do que ela sair da forma que você e seu time pensaram.

Resiliência, persistência, insistência.

São muitos os adjetivos corporativos que temos de incorporar quando as coisas não saem como esperado.

Mas hoje vejo muito valor em todas as ideias que não foram pra frente.

Elas me obrigaram a mergulhar e ir mais fundo para buscar o diferente, o inusitado, o que ninguém nunca fez.

E todos nós sabemos que é lá no fundo que mora tudo que é mais precioso.
Todo dia eu levanto com a mesma gana que o mergulhador e sabendo que vou encontrar muita concha quebrada e mar mexido pela frente.

Mas a possibilidade de acabar o dia com uma pedra branquinha, brilhante e supervaliosa faz cada mergulho valer a pena.

Marcelo Pollara é diretor de criação da BR Media