O poder da economia criativa (e verde)

Na semana passada, iniciei o Cannes Lions Roadshow deste ano, um circuito de palestras pelo Brasil que venho fazendo há anos, logo após a cobertura do maior festival de criatividade do mundo.

Minha primeira apresentação do ciclo 2024 foi em Vitória (ES), como parte da programação do Festival Colibri, um dos mais tradicionais do Brasil, que completou 37 anos.

A segunda foi em São Paulo, no Campus do Senac em Santo Amaro, como aula inaugural dos cursos de propaganda e publicidade, marketing e administração.

Outras apresentações acontecerão ao longo dos próximos três meses. Mais do que apresentar simplesmente cases vencedores, procuro provocar uma discussão sobre tendências e insights gerados no festival.

Aliás, é o que acho mais relevante para quem acompanha o megafestival. É claro que, para quem vai até Cannes, há muitos outros aspectos relevantes, como networking, a premiação supervalorizada e a própria estada num dos lugares mais bacanas da Europa: a Riviera Francesa.

Mas o conteúdo presente nas dezenas de palestras e debates, além de uma análise criteriosa dos cases vencedores, são instrumentos poderosos de reflexão e absorção de conceitos e insights que norteiam a indústria criativa nos 365 dias que sucedem o festival.

Por isso, minha apresentação tem como base o Wrap-up Report do Cannes Lions, um relatório que resume os principais pontos abordados no festival, que eu complemento com uma visão de quem cobre o festival há mais de 20 anos.

Eu tenho muito prazer em realizar essas apresentações pós-Cannes porque é aí que a gente consegue fazer uma conexão entre os insights internacionais gerados no evento com a realidade brasileira, seja nos mercados regionais ou no mundo acadêmico.

E é muito gratificante ver os olhos brilharem e ter a oportunidade de interagir com profissionais e estudantes brasileiros. Se pudesse resumir minha apresentação em apenas uma palavra, seria IMPACTO.
Procuro demonstrar que, se não gerarmos impacto positivo, de nada valerá a criatividade aplicada em peças de comunicação e atividades de marcas.

Estamos vivendo um momento paradoxal: por um lado, exige-se respeito e consciência em tudo o que se faz; por outro, é clara a necessidade de se elevar o tom para sair do lugar-comum e se destacar num meio repleto de impulsos de comunicação, numa disputa insana pela atenção do público objetivado.

Alguns gestores de marcas têm preferido o excesso de zelo para não se expor ao escrutínio de um público cada vez mais crítico e exigente. E aí acabam gerando uma comunicação insossa, que some na paisagem.

Como disse um diretor do Warc, um instituto de estudos de efetividade da criatividade, ligado ao Cannes Lions, “Marcas sucumbirão ao brando”.

Fazer tudo corretinho, sem ousadia, acaba gerando uma comunicação ineficaz, “invisível”. Não há alternativa: é preciso gerar impacto!

E, acredite, ações de impacto não são excludentes àquelas respeitosas e conscientes.

Ao contrário, um dos impactos mais valorizados, hoje em dia, é o impacto positivo socioambiental.

E o que é bonito de se ver é o entendimento da audiência, quando expomos esses conceitos. E é claro que os cases apresentados também contribuem, como exemplos marcantes, que corroboram as afirmações.

O Brasil é um player de primeira grandeza no universo da indústria criativa, estando sempre no pódio das principais premiações internacionais.

Temos o tal borogodó, absorvido por sucessivas crises econômicas e carência de recursos. Temos ainda uma diversidade rica, de um povo de maioria parda.

E agora temos também o potencial da economia verde. Já pensou se nós conseguirmos juntar essas vantagens como catalisadoras de um crescimento sustentável? Ninguém seria capaz de segurar esse país verde e criativo!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br