Sem dúvida, as famigeradas fake news representam um dos males do nosso tempo. O empoderamento dado às pessoas para emitir opinião e participar de discussões como autoridade dos mais diversos assuntos, tem seu lado positivo, mas traz um efeito colateral desastroso.

O disse-me-disse, somado às iniciativas deliberadas de gerar versões falsas de fatos – visando lucro ou simplesmente para “causar” –, gera um emaranhado de desencontradas informações, com efeitos perversos na sociedade. E aí o mundo amanhece com uma nova ameaça: o coronavírus.

Imediatamente surgem “fatos” e (des)orientações de todos os lados. Cuidado! O plástico bolha que embala produtos chineses pode trazer ar contaminado. Tome água quente e estarás livre do coronavírus. Whisky com mel também funciona! Todos devem usar máscaras, o tempo todo.

Segundo relatório do governo, cerca de 85% das mensagens que circulam nas redes sociais sobre o assunto são falsas. Algumas são tão ridículas que ninguém dá maior crédito. Mas o problema é que há outras muito bem elaboradas e “criativas” gerando dúvidas quanto a sua veracidade.

A mídia séria informa com assertividade, mas tende sempre a enfatizar o lado negativo, colocando nas suas manchetes os dados mais contundentes. O número crescente de suspeitos é mais notícia do que a baixa letalidade do vírus.

E aí vem a insegurança e até mesmo o pânico, fazendo as pessoas reagirem de forma exageradamente restritiva perante a ameaça. E essas reações podem ter um resultado desastroso. Vejamos o caso dos eventos.

Embora não haja, por parte do Ministério da Saúde, a orientação de se cancelarem os eventos no Brasil, não importando o número de pessoas envolvidas, temos informação de desistências e adiamentos desse tipo de atividade, gerando um efeito dominó terrível para a economia.

Sabidamente, os eventos são geradores de forte movimentação econômica. Há estudos que apontam que cada real investido em eventos gera uma movimentação econômica superior a 30 reais.

Hotelaria, alimentação, hospedagem, transporte, atrações, serviços especializados… os eventos movimentam muitos setores da economia. Como não há a perspectiva de se ter uma vacina ou medicamentos específicos no curto prazo, a interrupção dessa atividade econômica poderia durar meses: um desastre!

Imagine se, por medo de contaminação, as pessoas ficassem nas suas casas, abandonando os blocos carnavalescos, que foram um grande sucesso, principalmente em São Paulo e no Rio. Com a notícia dos primeiros cancelamentos de eventos corporativos em São Paulo,
a Ampro (Associação de Marketing Promocional/Live Marketing) se mobilizou para gerar informação que pudesse tranquilizar aqueles que estão inseguros quanto à manutenção dos eventos em seus planos de 2020.

David Uip, um dos especialistas em infectologia mais conceituados, aceitou dar entrevista específica para a Ampro, informando categoricamente: não há qualquer orientação de cancelamento de eventos no Brasil.

E essa é uma orientação do Ministério da Saúde! “Há apenas dois casos (até o fechamento deste texto) confirmados no Brasil e um plano de contingência muito bem organizado”, diz o ex-secretário da Saúde de SP.

Na grande maioria dos casos, o coronavírus gera um desconforto semelhante ao de uma gripe comum. A letalidade está em torno de 2%, causando efeitos mais sérios apenas naqueles já debilitados por alguma doença séria ou de idade avançada. Aliás, o que já ocorre com a gripe que conhecemos.

“Planeje e realize seu evento normalmente”, é a recomendação do doutor Uip. Nesses tempos de democratização da informação, é importante termos acesso a fontes de qualidade e evitarmos o efeito manada, baseado no disse-me-disse.

Vamos tocar nossas vidas com serenidade e com prevenção equilibrada. E com muitos eventos!

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) (alexis@ampro.com.br)