O soft power brasileiro
O World Economic Forum emitiu um novo relatório, apresentando 10 skills (habilidades) mais relevantes para 2023 e para o futuro próximo.
São eles: Pensamento Analítico; Pensamento Criativo; Resiliência, Flexibilidade e Agilidade; Motivação e Autoconhecimento; Curiosidade e Aprendizagem Contínua; Repertório Tecnológico; Confiabilidade e Atenção aos Detalhes; Empatia e Escuta Ativa; Liderança e Influência Social; e Controle de Qualidade.
O que percebemos, de imediato, é que a maioria dessas habilidades pode ser classificada como soft skills ou habilidades emocionais ou comportamentais. O destaque tem sido a Criatividade e o Pensamento Criativo, habilidades que estão sempre entre as primeiras desse tipo de estudo.
O domínio dessas habilidades, portanto, pode representar um soft power, que, apesar de soft, é comprovadamente muito poderoso no sentido de se obter diferencial competitivo. Isso serve para pessoas, para empresas, para um país.
Tenho usado este espaço para destacar o soft power da Criatividade como algo inerente ao brasileiro. Somos o país do “jeitinho”, que pode ter uma conotação negativa, mas também traz o poder da flexibilidade criativa, de “dar um jeito” pouco ortodoxo às questões mais desafiadoras.
A performance brasileira nas principais premiações internacionais corrobora esse poder criativo do Brasil. Temos estado sempre no pódio dessas premiações, só ficando atrás dos EUA e da Inglaterra.
É o tal do borogodó brasileiro que meus amigos da Transcriativa, que são a base da UNESCO SOST no Brasil, da qual faço parte do conselho, não cansam de destacar.
Talvez por conta de uma rica miscigenação ou mesmo dos contrastes e da diversidade, ou ainda do clima – sei lá. O fato é que o brasileiro tem esse tal de borogodó, esse soft power da criatividade.
E o que me levou a escrever novamente sobre esse tema foi um artigo do Emerson Moraes, diretor-executivo da Zum Brazil, que organiza a Expo Carnaval Brazil, que será realizado no fim de novembro em Salvador, onde serei um dos palestrantes.
Com muita propriedade, Emerson destaca no seu artigo o fenômeno do crescimento do entretenimento típico coreano, traduzido no sucesso das séries e filmes como “Parasita”, “Oldboy”, “Round 6”, “BTS”, “Blackpink” e nos seus k-dramas, k-pop, Manhwa (os mangás) e jogos online.
Esses movimentos têm ajudado a divulgar a cultura da Coreia do Sul para o mundo. É o chamado Hallyu, ou onda coreana. Com atividades, vem muita riqueza e elevação de imagem do país. Na esteira desse pensamento, Emerson destaca o nosso Carnaval.
Diz ele: “Olhando aqui para nosso Brasil, além do samba, da bossa nova e outros gêneros musicais brasileiros e o futebol, que se tornaram símbolos da identidade cultural brasileira, podemos ver a indústria do Carnaval como uma poderosa força criativa.
Estimula a criatividade, gera empregos, impulsiona o crescimento econômico e molda a cultura por meio das histórias e emoções que compartilha.
Ele se tornou um símbolo icônico da identidade cultural do país, com um impacto econômico significativo, atrai turistas de todo o mundo e promove o turismo no país.
A visibilidade internacional do Carnaval contribui para a promoção do Brasil como um destino turístico mais que atraente.
Sem dúvida, o Carnaval desempenha um papel relevante no soft power brasileiro, representando uma celebração cultural única que atrai a atenção global e promove a imagem do Brasil como um país rico em diversidade, música e alegria”.
Analisando tudo isso, fico com a sensação de que um Brasil que conseguir unir a sua potencial força verde (da cobertura vegetal e da energia limpa) à sua força criativa será um país vencedor, garantindo desenvolvimento sustentável e qualidade de vida para seus habitantes.
Estamos no caminho?
Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br