O trabalho de relações públicas

O profissional de relações públicas, RP ou PR (Public Relations), vem ganhando cada vez mais espaço na estrutura das organizações e tornou-se peça fundamental para cuidar da imagem das empresas. Uma espécie de guardião da reputação das marcas, o RP passou a fazer parte das decisões das estratégias de comunicação desde o planejamento. Antes, basicamente, ele era acionado apenas no momento do lançamento das campanhas para enviar os releases para a imprensa.

Essa mudança de mindset das marcas ocorreu muito em razão do avanço das redes sociais. Tanto que agências de publicidade e de comunicação corporativa passaram a atuar em conjunto para evitar possíveis crises de imagem. Afinal, hoje com a internet os consumidores têm voz ativa para fazer reclamações e críticas a marcas e produtos.

Não à toa, pelo segundo ano consecutivo, este veículo publica o ‘Especial Comunicação Corporativa’ com o intuito de dar mais visibilidade ao setor, mostrar desafios e conquistas de um segmento da comunicação que não para de crescer.

Em 2023, o setor movimentou R$ 5,1 bilhões, de acordo com o Anuário da Comunicação Corporativa de 2024, da Mega Brasil. O mercado brasileiro conta atualmente com 1.145 agências especializadas, que empregam quase 20 mil profissionais, e a tendência é que esse número continue crescendo, à medida que o trabalho de relações públicas se torna cada vez mais estratégico para as empresas.

Reconhecendo a relevância desses profissionais, em uma iniciativa inédita no trade de propaganda e marketing, o propmark adicionou ao seu Prêmio Melhores do propmark 2024 a categoria Profissional de PR. A vencedora por votação popular foi Fabiana Antacli, diretora de comunicação da BETC Havas, que atua há 30 anos no mercado. Emocionada com o reconhecimento, Fabiana relatou que sempre trabalhou nos bastidores para promover a imagem de marcas e executivos, mas nunca havia sido premiada.

Assim como cresce a importância do PR, aumenta também o mix de serviços
das agências de relações públicas, que hoje vai muito além da tradicional assessoria de imprensa. Com as oportunidades e desafios trazidos pelo avanço das redes sociais, atualmente a comunicação corporativa envolve estratégias de storytelling, marketing de influência, gestão de crises, relacionamento com os stakeholders e até produção de conteúdo sobre temas como ESG (Environmental, Social and Governance).

A Aberje (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial) declara que a reputação de uma empresa está diretamente ligada à percepção do setor em que ela atua. Por isso, é crucial adotar uma comunicação estratégica baseada em dados. E numa era em que as pessoas cobram cada vez mais por transparência e autenticidade das marcas, é fundamental que um profissional de PR tenha acesso às informações mais sensíveis para antecipar crises e preparar cenários.

Apesar de todos esses pontos, existem muitas companhias (grandes, inclusive) que não são tão abertas ao trabalho de relações públicas - ou mesmo não entendem como funciona. Ainda há muito para evoluir no sentido de criar uma cultura de comunicação corporativa dentro das organizações, que as ajude a navegarem em meio a cenários cada vez mais incertos e turbulentos.

Na opinião de especialistas ouvidos pela reportagem, nunca empresas, marcas e suas lideranças estiveram tão expostas e desafiadas a debater questões amplas em seus mercados e até fora deles.

Interessante observar que, assim como o mercado publicitário, o setor de comunicação corporativa atravessa um período de consolidações e fusões. O WPP, por exemplo, colocou sob o guarda-chuva da Burson agências como a JeffreyGroup e a Máquina. Antes, já havia feito a fusão da BCW e Hill & Knowlton, cujas marcas desapareceram.

Frase: “O sucesso é um professor traiçoeiro. Ele seduz pessoas inteligentes e as faz pensar que elas não podem perder tudo” (Bill Gates, fundador da Microsoft e da Gates Foundation)

Armando Ferrentini é publisher do propmark