Os aprendizados dos últimos dois anos em publicidade digital à frente do IAB Brasil
Redigir uma retrospectiva dos últimos dois anos não é uma tarefa fácil. Além de ter sido o período em que estive à frente da presidência do IAB Brasil, associação que representa o mercado de publicidade digital no país, com a honra de ser reeleito, os 24 meses que observo pelo retrovisor me parecem regidos por um certo ritmo. O ritmo do erre.
Reféns de uma pandemia de proporções inéditas nas nossas vidas, a equipe que me acompanhou na minha gestão precisou refletir e realinhar muitas, muitas vezes. Planos que havíamos delineado para o IAB Brasil passaram por revisões para se adaptar aos novos tempos. Reunimos as melhores mentes para entender nossas responsabilidades diante da nova realidade. Remediamos o que pudemos para diminuir o risco, trabalhando sempre remotamente, e recomeçamos um planejamento importante, que se fincou nas bases da missão do IAB, mas que se abriu para resgatar o que era mais importante em um momento tão crítico.
Representatividade foi o ponto de partida. Queríamos que a diversidade fosse além das nossas palavras. Fizemos diversas ações para termos uma maior presença feminina entre as lideranças da associação. Paramos para pensar como seria no longo prazo e isto trouxe o IAB aos números de hoje, muito mais diversos do que a dois anos atrás, com mais de 60% do conselho composto por mulheres. Nos tornamos parceiros da ONU Mulheres e criamos o comitê de D&I (Diversidade e Inclusão), que nos ajudou a melhorar nossa representatividade de forma geral, incluindo a comunidade LGBTQIA+, passamos a oferecer nossos eventos traduzidos em libras, com muitos olhares e lugares de fala diferentes para que a gente possa participar genuinamente de uma sociedade diversa.
Referência no mercado, liderando pelo exemplo. A gente queria que o IAB desse orgulho. Queríamos uma gestão que fizesse real nossos valores como a isenção, a governança responsável, a transparência. Nos dedicamos a dar ainda mais visibilidade sobre os processos de tomada de decisão e sobre a construção de posicionamentos de forma participativa, o IAB está aqui para todos e isto pode ser vivido e sentido pelos funcionários, associados, diretores, conselheiros e quem quiser chegar!
Recriamos o nosso futuro, juntos. Se acreditamos verdadeiramente nesta evolução, precisamos ser ativos. E assim nos posicionamos: construímos nossa voz, participamos de reuniões com lideranças, nos posicionamos a respeito de percepções erradas sobre o funcionamento da publicidade, promovemos encontros com jornalistas, acompanhamos projetos de lei e construímos bases técnicas fundamentais para a nossas relações governamentais. Não se trata de ganhar uma batalha para o IAB, mas sim de construir um futuro para a publicidade do Brasil, e isto demanda compartilhar de um mesmo objetivo, que é a união para um mercado ainda mais forte, saudável e responsável.
Recomeçar o meu plano para a presidência do IAB Brasil foi um revés que me fez rever o que era verdadeiramente primordial de fazermos. Em certa medida, me vi reutilizando conhecimentos que tenho desenvolvido nos meus mais de 25 anos de carreira no digital, área que nos faz lidar com revoluções frequentes, exigindo flexibilidade e capacidade de adequação constantes.
Rebootar e retomar não foi fácil. Ainda assim, foi uma experiência que eu vou fazer questão de rememorar. Mesmo sem poder ver nossos associados e parceiros olho-no-olho, percebi que era possível reerguer e reanimar a equipe e, apesar dos tombos, nossa cultura nos fazia colocar todo mundo no barco de novo. Assumimos que mudar era um desafio, distribuímos as responsabilidades e percebemos que cada um de nós era também parte da mudança. Quando nos sentimos desviando do nosso rumo, usamos outros tantos erres para resolver dúvidas, reorganizar atitudes e reparar eventuais falhas.
Reconheço que ainda há muito a ser feito, trabalho que seguirá sem dúvida sendo realizado pelas próximas lideranças do IAB Brasil. Mas se eu puder deixar um conselho aos nossos associados ao final da minha presidência, deixaria apenas um: entre no ritmo do erre.
Reflita, realinhe, se reúna, recomece, resista… e erre. Parece contraintuitivo, mas é uma excelente forma de aprender.
Saúde a todxs e memórias mais queridas em 2022!
Marco Bebiano é diretor de negócios do Google