Há dois mundos se consolidando entre nós. Placas tectônicas se movem sem parar, mas esses dois mundos parecem resistir, incólumes. Há o mundo da insensatez, do pensamento tosco, rasteiro e tóxico, e há o mundo da sensibilidade e empatia, da profundidade de raciocínio e do respeito ao contraditório.

Numa polarização cada vez mais presente, há, de um lado, o mundo regido pelos princípios ESG (Enviromental, Social, Governance), de respeito ao meio ambiente, à responsabilidade social e à governança responsável; e, de outro, o mundo que faz passar a boiada dos interesses escusos, que ignora a proteção ambiental, que é insensível às diferenças sociais e à necessária inclusão e o respeito à igualdade de gêneros.

Como se fossem torcedores fanáticos de um time de futebol, os defensores de um desses mundos vivem a vociferar “verdades” fabricadas nas profundezas de uma teia de comunicação trabalhada sob inspiração do fascismo.

E os componentes do outro mundo, assistem incrédulos e enojados, mas com reações mais contidas, pela própria natureza de evitar o confronto ignóbil e infrutífero. Uma polarização meio descompensada.

Um desses mundos adota um tom de papo de boteco, onde bobagens e impropérios são aceitáveis, como o diálogo de bêbados, onde tudo pode e é risível, só para se ganhar a discussão no grito, sem o compromisso com a verdade ou com o bom senso.

E, na mesa ao lado, o outro mundo só observa, com ares de reprovação, mas com parca esperança de que a ressaca fará voltar a razão, embora as bebedeiras continuem sem parar. Um lado que se comunica com menos alarde, até para evitar confrontos com opositores desprovidos de bom senso, incapazes de um diálogo sereno.

No campo dos negócios, há o mundo do capitalismo selvagem, onde prevalece a busca pelo lucro crescente, a qualquer custo. Um mundo onde empresários são valorizados pelo acúmulo ilimitado de riqueza, insensíveis à condição daqueles com quem convivem e outros que os servem, submetidos a regras leoninas e conformados com a regra de um jogo em que são inexoravelmente perdedores. Insensíveis também aos problemas da humanidade e da sociedade que os cercam.

É o mundo dos governantes corruptos e insensíveis, que governam pensando em si e no seu grupo fechado de interessados, não se importando com a opinião alheia. São os que só entendem o jogo do poder e da vantagem escusa.

Mas há o outro mundo, do capitalismo consciente, onde empresários são empáticos e pensam, sim, nos seus shareholders (detentores de ações), mas também nos stakeholders (todos os envolvidos), respeitando a máxima que prega que o bom negócio é bom quando é bom pra todos.

Um mundo onde o lucro é bem-vindo e necessário, mas só é cabível quando há respeito holístico: respeito pelos colaboradores e parceiros, respeito ao meio ambiente, respeito à ética e à inclusão social.

Os governantes desse mundo são aqueles de atitudes mais nobres, que respeitam a democracia e entendem as consequências dos seus atos, visando o bem de todos e não só dos seus seguidores mais fiéis.

Governantes que ignoram “esquerda” ou “direita”, valorizando, isso sim, o bom senso, o interesse comum e a empatia.

A separar esses mundos há uma espécie de “faixa de Gaza”, que amortece as diferenças e não as deixam esgarçar a ponto de gerar um conflito irremediável, tornando impossível a convivência.

Mas, será que não é hora de encurtar essa faixa e ter menos condescendência? Será que devemos continuar impassíveis, frente a tanta ignomínia e desrespeito?

Devemos conviver passivamente com o desrespeito ao nosso bem maior: a vida? É hora de escolhas e de ação. É hora de escolhermos o mundo que queremos. Em que mundo, afinal, você, sua marca, sua empresa querem viver?

Obs: esta é a minha opinião pessoal e não representa necessariamente aquela de grupos ou instituições que participo.