Pense no Steve Jobs
Um currículo em uma folha azul em meio aos outros que estão em um sulfite branco pode mostrar sua criatividade na hora da procura de um emprego. Muito mais do que ter um talento, é preciso saber como e quando aplicá-lo a fim de transformar o que seria apenas uma característica em uma forma de gerar valor.
Pense em Steve Jobs, que ousou ao apresentar ao mercado um conceito totalmente diferente de tecnologia com o iPhone e o iPad, tanto pelo design como pela forma de lançar produtos ao mercado. Por mais que a Apple hoje em dia aposte em variações de um mesmo modelo, foi aquela apresentação inicial, que destoava de tudo que se conhecia até então, que se tornou uma das marcas registradas da empresa em sua nova era de sucesso, após alguns fracassos comerciais no início da década de 1990.
Muito antes dessa famosa apresentação, o jovem Jobs, com apenas 12 anos, lançou mão de uma lista telefônica, e virou muitas páginas até encontrar o contato do CEO da HP. Sua intenção era solicitar peças para um osciloscópio, que seria usado em seu projeto computacional à época. Tal ousadia, lhe rendeu uma proposta de estágio, que, somada a um notório conhecimento técnico, diferenciou aquele adolescente que sempre teve coragem para se destacar.
“Ser diferente” não é um crime, pelo contrário, muitos profissionais que não possuem tanta experiência acabam selecionados porque aguçam a curiosidade e fazem algo que ninguém fez. Segundo a Universidade de Caxias do Sul, as “soft skills” são competências socioemocionais que não têm ligação nenhuma com a competência técnica (“hard skills”).
De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de Michigan, as companhias que têm o seu sistema de recrutamento com critérios voltados para a priorização de candidatos com boas competências de soft skills tendem a apresentar um nível maior de produtividade, em comparação com aquelas que se voltam apenas para as aptidões técnicas.
Infelizmente, na maior parte dos casos, as pessoas são bombardeadas por informações e tabus que impedem seu crescimento. O ‘certo’ é se adequar, seguir a tendência, não incomodar fazendo algo considerado “estranho”. A sociedade dá tanta moral para o Super Ego, que a criatividade é assassinada.
Quando analisamos o “eu interior’’ e tudo o que nele pode ser valorizado em uma pessoa, muitos hábitos não tidos como importantes passam a ter um novo sentido.
Como, por exemplo: a ganância, simbolizada na vontade de pleitear posições mais altas tanto de cargo como de salário, e a inveja, que em níveis moderados, são fatores determinantes para a criação de uma competição sadia entre colaboradores. As habilidades vão além de ter várias pós-graduações, mestrados ou doutorados.
Já entrevistei milhares de pessoas que se candidataram a vagas de emprego que ofereci, e pude notar que as pessoas pensam apenas como portadoras de um CPF, o CNPJ é um tabu. Sem uma visão empreendedora, tal comportamento cria uma relação paternalista entre empregador e empregado. Pense: se você se diferencia e chama para si as responsabilidades, buscando destaque, você age como um empreendedor, mesmo trabalhando como empregado. Quem está empregando está buscando isso.
Partindo do pressuposto que o mercado está precisando de pessoas e os trabalhadores estão precisando de emprego, por que essa conta não está fechando?
Simples, muitos não percebem o óbvio, que é saber ter coragem para ser o diferente e colocar isso na frente de tudo para conseguir o que almeja. Faça isso, não só no âmbito profissional, mas em outras áreas do convívio social e
vai perceber que o que faltava não eram predicados para fazer volume no currículo, mas argumentos bons o suficiente para convencer o empregador que ele precisa
de você.
Andre Diamand é criador da metodologia Sexy Canvas