Por que as empresas precisam de pessoas criativas nas suas equipes

Hot Dog grelhado no fogo como churrasco. Mega Stacker Catupiry. Whopper Chimichurri. Se essas receitas te deram água na boca ou azia no estômago, isso não importa. O ponto é que essas criações diferentes são ideias de inovação de produto dos próprios colaboradores que a rede Burger King criou para se diversificar na indústria perante o gigante concorrente McDonald's.

E, apesar deles não estarem no menu fixo, esses produtos cumpriram com o seu dever. Pois durante o lançamento de cada um desses hambúrgueres, o Burger King conseguiu o que nenhum outro concorrente do McDonald's consegue: fazer o consumidor olhar para o lado. Sei por experiência própria trabalhando para as duas marcas em agências diferentes que a cada lançamento desse, milhares de consumidores deixaram de ir no McDonald's naquele dia para experimentar uma "maluquice" do restaurante apelidado carinhosamente de BK. Uma ideia e milhares de reais a mais para a empresa. Esse é o poder de ter colaboradores criativos no mundo corporativo de hoje.

Assim como a mistura inovadora de ingredientes em um sanduíche, a capacidade de gerar ideias originais e soluções criativas pode transformar empresas, impulsionando a inovação, a produtividade e a competitividade no mercado.

A criatividade é uma das habilidades mais valorizadas no mundo empresarial contemporâneo, no entanto, a que as empresas menos investem. Quer outro exemplo? O Cheddar McMelt é uma invenção brasileira que só tem aqui no Brasil. Mas se engana quem pensa que isso é coisa de brasileiro. A ideia de ter um sanduíche que se conecta com o paladar de cada cultura partiu de um colaborador do marketing do McDonald's. E, atualmente, todo país que tem um restaurante McDonald's tem um sanduíche que é o queridinho da população local. E isso vende muito. O Cheddar McMelt é o segundo sanduíche mais vendido no Brasil, perdendo apenas pro carro chefe, o Big Mac.

E não é só a indústria de fast-food que carece de boas ideias. Um bom exemplo disso foi a pandemia. Talvez você se lembre que o nome popular do Covid-19 é Corona. E, por incrível que pareça, muitas pessoas associaram o vírus à cerveja Corona. Tanto que, em 2020, a marca chegou a considerar mudar o próprio nome. Em vez disso, a solução foi investir em diversas ações criativas espalhadas pelo mundo todo para fazer presença de marca. E em todos os mercados que a cerveja estava, ela fez ações de marketing. Aliás, muitas dessas ações ganharam prêmio no maior festival de criatividade do mundo, o festival internacional de Cannes. Mais uma vez, sei por experiência própria dessa realidade. Inclusive, umas das ideias premiadas era minha, para o lançamento da cerveja sem álcool da marca.

Seja durante uma crise ou fora dela, a criatividade é uma ferramenta poderosa para alavancar vendas ou até salvar marcas. Uma habilidade que envolve a capacidade de identificar problemas, visualizar soluções originais, adaptar-se a mudanças e antecipar tendências de mercado. É por isso que toda organização pode se beneficiar de colaboradores com habilidades criativas.

Além disso, colaboradores criativos são mais propensos a se envolverem ativamente nas atividades do trabalho, uma vez que sentem que suas ideias são valorizadas e têm espaço para contribuir de maneira significativa. Isso resulta em equipes mais engajadas e motivadas, o que, por sua vez, aumenta a produtividade e a satisfação no trabalho.

E o melhor disso é que a criatividade é puro treino. Toda criança nasce criativa e com o tempo vai deixando de ser. Com o tempo, somos direcionados a "acertar", a dar a resposta que te faz passar na prova. E poucos são os resistentes que cultivaram a criatividade a ponto de usar ela na vida 30 Plus. A criatividade vale a pena. E é por isso que investir em cursos e treinamentos ou workshops de criatividade para funcionários de todos os níveis e setores pode ser um dos melhores investimentos a se fazer dentro das empresas.

Hoje, mais do que nunca, a criatividade vai muito além de pensar fora da caixa. Seja a caixinha de um BigMac ou de um pack de cerveja.

Rafael Borna é redator, professor e palestrante de copywriting e criatividade e inovação
rbornacina@gmail.com