Na semana passada, aos 45 do segundo tempo, o governo federal sancionou a Lei 14.148, derivada do PL 5638, conhecido como Perse.

Como já exposto aqui no PROPMARK, a lei prevê socorro aos setores de eventos e turismo, com a promessa de crédito barato e acessível, advindo do Pronampe (quando for retomado) e do FGI, e renegociação de dívidas tributárias, com desconto de até 70% e até 145 meses para pagar.

No caso do Pronampe, quando for regulamentado (estamos na expectativa), prevê-se a destinação de 20% do valor total.

Ou seja, dos R$ 5 bilhões previstos, R$ 1 bilhão será reservado para os setores de eventos e turismo. No caso do FGI, prevê-se uma linha de crédito de até R$ 500 milhões para os setores em foco.

O PL aprovado no Congresso previa ainda isenção de impostos federais por 5 anos, o que seria um fôlego a mais para o setor, mas isso foi vetado pelo Executivo, embora tenha sido declarada a possibilidade de criar algo por medida provisória.

Tratando especificamente de eventos, o pacote de benefícios, o primeiro específico para um setor, levou em conta a enorme dificuldade das empresas dedicadas ao segmento de se manterem vivas depois de mais de um ano sem atividade.

Ainda falta regulamentar, mas a esperança de ter algum recurso é um alento às empresas que estão na UTI, precisando de oxigênio urgente. A ajuda, portanto, é muito bem-vinda e é resultado de uma grande mobilização do setor, envolvendo as principais associações dedicadas aos eventos.

Mas é preciso muito mais para garantir sobrevida aos players desse setor tão importante na geração de empregos e movimentação econômica.

Estima-se em cerca de R$ 50 bilhões por mês as perdas decorrentes dessa parada forçada em todo o Brasil, se considerarmos a repercussão direta e indireta.

Vale sempre lembrar que o ecossistema dos eventos abrange bem mais do que os espaços e os itens intrínsecos à atividade. Suas ondas de repercussão econômica atingem os sistemas de transporte, hotelaria, bares e restaurantes e muitos outros setores que dependem umbilicalmente das suas realizações para sobreviver.

Cada real investido diretamente em eventos gera mais R$ 30 de movimentação econômica. Os empregos diretos e indiretos passam de 25 milhões.

Portanto, mais do que um socorro paliativo (embora necessário e importante), precisamos urgentemente de uma perspectiva de retorno. Até já há alguma flexibilização.

Por exemplo, em São Paulo, já é possível realizar eventos, desde que respeitados até 25% da capacidade do local. Mas isso é pouco para chamar de retomada.

Precisamos de uma imunização mais rápida e ampla. Precisamos baixar a macabra curva de mortes e contaminação e começar a experimentar possibilidades de realização de eventos presenciais com segurança.

Como as experiências que estão acontecendo em outros países, onde já ocorrem eventos com grande público, com testagem prévia e posterior. Há também planos para eventos com livre acesso para vacinados.

Aqui no Brasil, mesmo com a situação crítica atual, já dá para prever uma flexibilização maior para os eventos.

Por exemplo, as feiras e exposições. É incompreensível ter os shoppings abertos e não permitir a realização desses eventos.

As feiras têm um sistema de controle de acesso e de circulação melhor que o dos shoppings. Precisamos dos eventos! Precisamos deles para movimentar um setor importante, mas também para enriquecer a vida das pessoas, que já não aguentam mais ficar enclausuradas, restritas às telas.

Somos seres gregários, precisamos de contato humano, olho no olho, sem intermediação do Zoom.

Que pare a bateção de cabeça e tenhamos vacinas em número suficiente para uma imunização muito mais rápida e abrangente. Vacina para todos! Já! Que retornem os eventos! Precisamos deles!

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) (alexis@ampro.com.br)