Houve uma época em que começaram a desdenhar das premiações da área de marketing e comunicação. De fato, havia muitas premiações que pareciam caça-níqueis, interessadas apenas em captar o dinheiro de inscrições, criando categorias e subcategorias, de modo a contemplar o máximo de premiados possível.

A maior crítica era para o todo-poderoso Cannes Lions, que, por um tempo, passou a entregar estatuetas a rodo, multiplicando categorias. Não se pode dizer que o pessoal do Cannes Lions não escuta as críticas.

Já há um tempo que a organização passou a ser mais comedida com a abertura de novas categorias e, mais do que isso, passou a proibir a multiplicidade de premiações transversais, que fazia com que um único case ganhasse Leões em diversas modalidades.

Foi estabelecido um limite. Mas a crítica continuava: “prefiro resultados a estatuetas”, diziam clientes. Mais uma vez, a organização do Cannes Lions tratou de buscar a comprovação de que as duas coisas não estão dissociadas, ao contrário, há uma relação direta entre o resultado efetivo de negócios e a criatividade que ganha prêmios.

Há diversas apresentações do festival, com cases reais, comprovando que a eficácia de negócios é diretamente proporcional à abordagem criativa de suas campanhas e ações de ativação.

A verdade é que nunca a criatividade foi tão importante como agora, como forma de driblar as adversidades de uma crise sem precedentes. Os organizadores de premiações foram obrigados a rever seus planos, pela impossibilidade de realizar atividades presenciais de entrega de troféus, mas também preocupados com a disposição das agências de inscrever seus cases em tempos de vacas magras.

Mas as premiações de prestígio e de reconhecimento do mercado procuraram manter a edição deste ano, mesmo com todas as limitações. E agora cabe ao mercado demonstrar que tem soluções para todos os momentos, mesmo os mais adversos. As inscrições devem envolver cases retratando dois momentos: antes da pandemia e durante a pandemia. São situações diametralmente opostas: no segundo semestre de 2019, o mercado brasileiro estava com a expectativa de uma melhora, apostando num crescimento – nada muito expressivo, mas alentador; já no primeiro semestre de 2020, veio o imprevisível: uma pandemia e a maior crise da época moderna.

Mas, como dizia um antigo chefe japonês no meu início de carreira: “Todo problema tem solução. Tem a solução ideal, tem a média e tem a ruim, mas sempre há uma solução”.

É a hora de selecionar as soluções de
marketing encontradas e fazerem-nas concorrer com outras dentro de iguais condições. O que não dá é ficar imobilizado, se lamentando e esperando que tudo volte ao normal para começar a agir. Até porque o tal normal não será o mesmo.

É o que temos e é com essas armas que precisamos ir ao combate. Apesar do imenso baque, a vida continua. As pessoas continuam indo às compras, presencialmente ou por e-commerce, que teve um grande crescimento em 2020.

E, à medida em que começa a pintar um processo de flexibilização, o público precisa ser impactado com maior intensidade por marcas que concorrem, não somente entre si, mas com as circunstâncias adversas. É preciso um esforço maior agora. De todos! O mercado precisa de ação, de iniciativa! Se você participa do processo de decisão por inscrições em premiações, opte pelo sim, como forma de não deixar a peteca cair.

Falo pelo Ampro Globes, premiação de live marketing que completa 20 anos, mas também por todas aquelas que são sérias e decidiram manter a edição de 2020. É a hora de fortalecer essas iniciativas que demonstram resiliência e atuação positiva pelo bem de todo o mercado.

Ouvi do incansável José Victor Oliva, numa live da semana passada, que ele pretende encarar este mês como Outubro Verde. Verde do “permitido”. Verde do fazer! Verde da esperança! Eu tô dentro. E você?

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) alexis@ampro.com.br