Protagonismo do Brasil em 2025

Depois de liderar com sucesso o encontro do G20 no Rio, o Brasil se prepara para manter seu protagonismo no mundo, assumindo a presidência rotativa do Brics e sediando a COP 30, em Belém, PA.

Em meio às turbulências domésticas e decisões importantes para manter um crescimento sustentável, domando inflação e, principalmente, os desafios do equilíbrio fiscal e a disparada do dólar, o Brasil não pode nunca negligenciar a sua posição mundial privilegiada, em relação às questões ambientais.

Nunca é demais lembrar a condição única alcançada pelo nosso país no campo da energia. Quase metade da energia consumida no Brasil vem de fontes renováveis, mais de 90% da eletricidade são advindos de fontes limpas.

Esta condição nos destaca internacionalmente, em função da pressão pela diminuição de emissão de GEE (gases de efeito estufa).

O mundo desenvolvido empreende uma busca desenfreada por uma matriz energética menos dependente do carvão e de fontes fósseis, enquanto o Brasil, graças à aposta nas hidrelétricas no passado e ao aproveitamento do vento e do sol para energias alternativas, já tem uma condição satisfatória nesse campo.

E a tendência é que, por meio da iniciativa privada, as fontes alternativas ganhem ainda mais representatividade, acrescentando o potencial do hidrogênio verde, que atrai investimento internacional e representa uma oportunidade ímpar para nosso país.

Como sabemos, o mundo demandará muita energia, cada vez mais.

A onipresente IA (inteligência artificial) exige grande quantidade de energia, sem falar da universalidade do 5G e da consequente integração de sistemas, que dependem fundamentalmente de energia abundante.

Energia, portanto, deve ser “o” diferencial estratégico do Brasil perante o mundo. Mas não só isso: temos ainda cobertura vegetal e biodiversidade únicas.

Com base nestes diferenciais, o Brasil pode, sim, falar alto e trazer para si a atenção e investimento estrangeiro em 2025.

Os arroubos diplomáticos brasileiros em outros campos demonstram uma dispersão de foco e até certa ingenuidade.

Precisamos manter o foco naquilo que, irrefutavelmente, somos dominantes.

Nossa atenção deve estar centrada na economia verde, na energia limpa, na biodiversidade, na manutenção e recuperação de área verde.

Devemos nos apresentar ao mundo como protagonistas de uma nova era. O mundo está prestes a entrar numa nova era geológica, a era do Antropoceno, que marcará, pela primeira vez, a interferência humana (antropo) no futuro da Terra.

Há mais de 11.500 anos, vivenciamos a era do Holoceno, que sucedeu a era Glacial, aquecendo a Terra para chegarmos à condição das ricas fauna e flora que temos hoje.

Só que esse aquecimento está passando do ponto, por influência humana, e algo precisa ser feito – e rápido – para não prejudicarmos a vida das futuras gerações.

Os recentes – e frequentes – fenômenos climáticos extremos não deixam dúvida do potencial destrutivo do desequilíbrio ambiental que observamos hoje.

O Acordo de Paris, firmado por 195 países, em 2015, durante a COP 21, estabeleceu metas de cada signatário de reduzir significativamente suas emissões de GEE. Já se passaram dez anos e as emissões só aumentam.

O temido aquecimento global de 1,5°C, em relação à era pré-industrial, já está se estabelecendo na Terra, reforçando a ameaça de atingimento do ponto de não-retorno.

Ou seja, se não revertemos rapidamente esse catastrófico processo, comprometeremos inevitavelmente as futuras gerações.

Esse deve ser o tom da COP 30, a se realizar no fim do ano, em Belém. É aí que o Brasil precisa consolidar seu protagonismo!

Junto com esse posicionamento sólido virão investimentos verdes, remuneração pela manutenção de áreas verdes (via créditos de carbono) e a tão sonhada prosperidade sustentável. Quem viver, verá!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br