Publicidade não pode retroceder
O ano de 2025 começou com cara de anos 80. Antigamente janeiro era um mês de férias, de descanso, de carregar baterias. Mas já no primeiro mês tivemos uma avalanche de assuntos e discussões que não deveriam mais acontecer em 2025.
A Meta anunciando o fim das ferramentas de checagem, grandes empresas como McDonald’s encerrando programas de diversidade e inclusão, a posse de Donald Trump – e ele acabando com programas climáticos, e no Brasil uma guerra de desinformação sobre o Pix. Tudo isso em apenas 1 mês, que por sinal, ainda não acabou.
Tenho a sensação de que vamos viver um 2025 tipo remake de novela. Em março estreia a nova versão da novela Vale Tudo, um grande sucesso nos anos 80. Seria uma coincidência? Os astros? Ou realmente estamos recuando?
O mundo claramente está dando alguns passos para trás. Pautas ESG que foram discutidas, esclarecidas, respeitadas e aprovadas agora estão sendo rediscutidas, desrespeitas e anuladas.
Com certeza, estamos vivenciando um ciclo comportamental mais conservador, mas isso não pode implicar no retrocesso, ou sejam, desrespeitar pessoas, direitos e escolhas.
A pergunta que eu quero fazer é: qual vai ser o papel da publicidade e dos publicitários nesse retrocesso?
Vanguardistas que somos, temos a obrigação de seguir em frente. Não podemos retroceder. A comunicação sempre foi e sempre será a maior ferramenta de expressão para quebrar paradigmas, dar voz a pautas importantes e empoderar minorias.
Quem trabalha com comunicação independente da atuação, - empresa, agência, profissional, mídia, imprensa, acadêmico, - temos a responsabilidade de usá-la como agente transformador da sociedade. Se a mundo der sinais de retrocesso, temos que entrar em campo e puxar fila para o avanço. Não podemos fazer parte de ondas, e sim criar ondas.
Temos que continuar discutindo sobre a diversidade e inclusão, pautas climáticas, ações sociais, e colocar o ser humano como protagonistas das nossas histórias. Porque é isso o que fazemos! Conectamos, humanizamos empresas e produtos para que cheguem ao consumidor final. E todos os envolvidos são pessoas.
Marcas são feitas por pessoas para pessoas. A mesma coisa com o consumo. Não podemos parar, muito menos retroceder. Faltam muitos passos na fila da equidade – e seja ela qual for. Ainda nem começamos a falar sobre etarismo.
Ainda acredito que a indústria criativa unida é capaz de impedir retrocessos e transformar os passos para traz em grandes avanços para a frente. Vamos olhar para 2035 e não para 1985!
Celio Ashcar Jr é sócio da AKM e presidente do Conselho da Ampro