Crédito: Chris Liverani/Unsplash

Não é de hoje que se fala da importância de relações sustentáveis entre todos os stakeholders de uma cadeia de negócios. A Escola de Marketing Industrial há muito já levantava essa bandeira com o conceito de empresa válida, conceituando-a da seguinte forma: a empresa válida não atua apenas como um agente econômico, mas também como um agente do desenvolvimento social e de criação de riquezas.

Significa preservar o patrimônio interno e externo, estar continuamente preocupada em criar utilidades para a satisfação de seus clientes, manter e desenvolver seus patrimônios humano, cultural, tecnológico, econômico e material.

A empresa válida constrói uma cadeia de valor, faz coisas genuínas e autênticas, cria prosperidade entre todos os agentes da cadeia produtiva e estabelece relações significativas. Isso tudo corresponde à responsabilidade social da empresa, decorrência natural de sua atividade econômica.

Vale destaque para a construção de uma cadeia de valor, a criação de prosperidade entre todos os agentes da cadeia e o estabelecimento de relações significativas.

Mais recentemente (mas não muito), surgiu o conceito de capitalismo consciente. O capitalismo consciente é uma abordagem para condução dos negócios que as melhores empresas do mundo estão adotando. Essas empresas são guiadas por um conjunto de valores que promove a prosperidade e a interligação de toda a cadeia de valor para atingir metas mais amplas de maneira justa e equilibrada.

O conceito vai além da responsabilidade social. É uma visão ampla da sustentabilidade. O capitalismo consciente existe para elevar o ser humano e se materializa à medida que é aplicado a pequenas, médias e grandes empresas, gerando relações de valor com harmonia e transparência, além de trazer uma visão humana para criar vínculos emocionais entre os stakeholders.

Destaque para a geração de valor com harmonia e transparência. Especificamente nas relações do universo de live marketing, a Ampro criou princípios de valor, tanto para as agências, como para os clientes contratantes de serviços, estabelecendo melhores práticas (http://ampro.com.br/wp-content/uploads/2019/08/Principios_AMPRO-copy.pdf).

A ABA também teve a iniciativa da criação do Guia ABA de Boas Práticas do Relacionamento entre Agências de Live Marketing e Clientes (http://ampro.com.br/wp-content/uploads/2019/08/guia-aba-relac-live-mkt-cliente-1.pdf).

Pois bem, se toda essa preocupação com relações de valor entre os stakeholders era importante antes da crise derivada da pandemia, agora passa a ser vital. As empresas, principalmente os prestadores de serviços – os que sobreviverem –, estarão bastante fragilizados pelo período de interrupção dos seus negócios.

Na retomada, certamente, todos estarão fragilizados, mas o elo mais fraco da cadeia é o prestador de serviços e, pelo bem da “prosperidade entre todos os agentes da cadeia produtiva”, será necessária uma visão pragmática e solidária por parte dos contratantes.

Os prazos de pagamento não poderão ir além dos 30 dias após a realização dos jobs – #JobEntregueJobPago –; para as concorrências, se necessárias, a indicação é que envolvam no máximo quatro agências e se pague um fee de participação, para compensar os custos; que se privilegiem as relações duradouras, em vez do job a job.

Depois das agruras de uma crise sem precedentes, precisamos – todos – refletir sobre a forma com a qual nos relacionamos com o ecossistema econômico do qual fazemos parte. Assim como na natureza, existe uma interdependência entre todos. Se um se fragiliza, todo o sistema sofre.

Aproveitemos, portanto, esse momento forçado de parada para uma reflexão profunda e, na volta, optemos por relações significativas e de valor. Relações que proporcionem uma retomada saudável para todos. Relações com harmonia e transparência, trazendo de volta a prosperidade para todos os envolvidos.

Alexis Thuller Pagliarini é presidente-executivo da Ampro (Associação de Marketing Promocional) – alexis@ampro.com.br.