Respeito é bom e eu gosto

Desde que eu me propus a ajudar as empresas a entender e aplicar os critérios ESG, uma das primeiras questões que me fazem é: como começar?

Sim, existe uma metodologia, um passo-a-passo, que faz as coisas irem se encaixando na estratégia da empresa com certa naturalidade e tenho falado disso nos meus artigos por aqui. Mas uma palavra é chave para começar: respeito. Simplesmente respeito!

Respeito pelas pessoas, respeito pelo meio ambiente e respeito à ética. Toda a metodologia de implementação de uma política ESG começa com o propósito de respeitar.

Comece respeitando as pessoas que trabalham com você. E a primeira forma de respeito é seguir estritamente a lei. As relações trabalhistas têm regras muito bem estabelecidas no Brasil. Antes de mais nada, é preciso estar em compliance com essas regras.

Remunerar os colaboradores dignamente, fazer com que sejam cumpridos horários de trabalho, de descanso e de licenças.

Parece óbvio, mas quem nunca ligou para um subordinado depois do horário convencional de trabalho com um papinho mais ou menos assim: “Desculpa ligar essa hora, mas é que pintou um BO aqui e preciso da sua ajuda”. E lá vem uma demanda fora de hora.

E ai daquele que responde que está em horário de descanso e não vai trabalhar àquela hora. Na indústria da comunicação e marketing, trabalhar além da hora virou um padrão.

Eu me lembro, quando trabalhei em agências, e saía meio que envergonhado lá pelas 19h, sempre justificando ter um compromisso familiar ou algo inadiável.

Na indústria de eventos, onde também atuei, é ainda pior: as famigeradas “viradas de noite” eram supercomuns.

Não se entregavam eventos sem um sprint final meio abusivo. Ainda é assim? Olhando agora para fora, para as relações com clientes e fornecedores, como está o respeito? O capitalismo antigo, chamado de selvagem, determinava que o que interessa é obter o lucro, a qualquer custo. Mesmo que seja achacando fornecedores. Já o capitalismo consciente, o de stakeholders, prega respeito.

As suas relações de negócios são respeitosas? Os seus clientes pagam em prazos razoáveis? As concorrências são respeitosas e justas? E vale a pena pensarmos na vertente de respeito ambiental.

Usar recursos racionalmente – água e energia, por exemplo –, cuidar para que haja o mínimo de resíduos no dia a dia e o que restar, que seja devidamente classificado para facilitar a coleta seletiva e evitar que vá parar em lixões.

Pensar em formas de diminuir a pegada de carbono, usando mais transporte público e adotando algumas caminhadas no dia a dia.

Estamos vivendo um momento crítico, de fenômenos climáticos angustiantes, batendo recordes de temperaturas no mundo inteiro.

E tem muita gente que acha que não faz parte desse processo. Todos fazemos parte! Tudo leva a crer que o mundo vai superar o limite de 1,5°C de aquecimento global antes de 2030, data limite para evitarmos um ponto de não retorno, e continuamos com os mesmos hábitos, como se não fosse com a gente...

Continuamos consumindo produtos embalados com materiais que vão acabar parando em lixões, nos rios e mares.

Há previsões de que teremos mais plástico do que peixes nos mares em 2050, se continuarmos não cuidando do que consumimos e descartamos.

Já passou da hora de adotarmos o termo respeito por inteiro. Quer contribuir para um mundo melhor? Pense em respeito!

Respeito pelas pessoas, respeito pelo meio ambiente e respeito pela ética. Comece com um diagnóstico na sua empresa e veja se esse respeito existe. Depois corrija o desrespeito e envolva todo o time na busca por melhorias.

Faça isso de forma sistemática e pragmática. Vá no seu tempo. Mas comece! Você verá que respeito é bom e seus colaboradores gostam, seus clientes gostam e o mercado gosta!

Alexis Thuller Pagliarini é sócio-fundador da ESG4
alexis@criativista.com.br