Nem de longe somos um mercado autossustentável; sabemos o quanto os veículos têm seus espaços publicitários, quantidade de pessoas envolvidas, pesquisas sendo desenvolvidas e parcerias neste momento delicado que estamos vivendo.

Quando falamos das principais pesquisas e de como hoje (quando digo hoje, é nesta reclusão) as pessoas estão consumindo os meios de comunicação, é totalmente diferente do que quando, como mídias e anunciantes, planejávamos os meios e determinávamos os veículos, canais, etc.

O estar em casa levou as pessoas a consumir conteúdo de TV aberta, TV paga e digital de forma massiva. Estamos acompanhando, apenas nesses meios, um crescimento de audiência de 1, 2, 3 vezes mais do que o normal.

O jornalismo vem ganhando protagonismo absoluto na programação ao longo de todo o dia, e não só em suas faixas já bem conhecidas; canais de notícias permanecem ligados initerruptamente nas casas. Uma grande mudança, sem dúvida.

Estamos vivenciando também a volta de programas que acompanhamos 5, 10 anos atrás, e assistindo como se fosse hoje e torcendo e rindo das peripécias do “Crô” e sofrendo pela grande mãe que é a Grizelda “Pereirão”, grande e incansável trabalhadora, como o brasileiro em geral.

E como mudamos quando o assunto é BBB! Sim, BBB20 é falado em todas as lives entre amigos. Não tem um que não saiba do Babu, da Manu, da Rafa, Mari, Thelma e Ivy. E o que minha esposa debate sobre quem fica e quem sai com minha mãe por telefone! Até eu entro nessa.

Quando você acha que vai acabar, vem aquela chuva de lives. É sertanejo, é rock, é pop, tem para todos os gostos e entra na casa das pessoas sem pedir licença, gerando entretenimento e diversão (mas sobre as lives falaremos em uma próxima postagem).

E a quantidade de dados que está trafegando nas redes de fibra, streams rodando o dia todo, games, séries, filmes, novelas, portais e muito, muito conteúdo para se entreter…

Falamos de três grandes meios com expressivo crescimento, mas a grande pergunta é: e os outros?

E aqui vem a grande preocupação deste mídia (quando digo isso, refiro-me ao planejador, ao estrategista, ao gestor de uma área e à pessoa que sou perante todos os nossos parceiros de 20 anos de profissão).

São meios que estão sendo afetados na carne. Digo na carne porque, tudo o que eles entregam com solidez e competência a cada um de nossos clientes, hoje muitos deles não podem fazê-lo por motivos extremos:

– Pouca gente nas ruas: como ficam os painéis de lona, de papel ou digital?

– Pouca gente nos ônibus e no metrô: como ficam as sancas, envelopamentos de vagões ou painéis incrivelmente digitais?

– Pouca gente no sobe e desce dos elevadores comerciais: como fica aquela TV para descontrair entre uma subida e uma descida?

– Pouca gente acordando cedo e pegando aquele trânsito infernal: cadê o ouvinte de todos os dias das rádios do Brasil?

– Pouca gente nos aeroportos, visualizando painéis e mais painéis maravilhosos.

– Poucos carros nas autoestradas, comprometendo a arrecadação dos pedágios e a eficácia dos painéis publicitários.

– Não tem gente nos shoppings: como ficam as telas de cinema com nossos filmes maravilhosos?

– E leitura de jornais e revistas nesta recessão, sem crescimento de assinantes?

Mas, mesmo com todas as dificuldades, vejo um movimento de incentivo à construção de uma nova sociedade e uma colaboração perante anunciantes e agências, com a liberação de espaços para que estes usem para conscientizar a população. E não estou falando de campanhas de empresas públicas; estou falando de campanhas de empresas privadas mesmo.

Campanhas lindas de conscientização, de junção de concorrentes: empresas de telecomunicação juntas, bancarias juntas, empresas de um mesmo segmento ou ações conjuntas, tudo em prol da população, oferecendo conscientização, serviços, soluções.

Em tudo isso estamos falando de parceria, mídia bonificada, mídia incentivada, aumento de descontos, aumento de prazo de pagamento, tudo para ajudar a comunicação a chegar a todos, independentemente do custo ou da conta.

Por tudo isso, tenho dois pedidos a fazer:

– Para os veículos que ainda não aderiram a alguma das opções citadas: vamos aderir! os grandes ajudando os pequenos, os meios que hoje estão com maior força ajudando os que perderam essa força. Grupo Globo, Record, SBT, Band, Rede TV, YouTube, GloboPlay, NetFlix, Spotify colocando neste período campanhas em mídia exterior, spots de rádio, páginas de jornal e revista. Ainda tem gente lá; em menor escala, mas tem gente sim.

– Para os anunciantes, agências e mídias: nunca se esqueçam de quem prestou seu apoio nesta grande transformação. Planejem de forma coerente para o momento e, quanto retomarmos à normalidade, planejem de forma que a volta seja consistente em nosso mercado.
Tenho certeza de que vamos passar por tudo isso juntos e voltar ao crescimento do nosso mercado, oferecendo o melhor ao público final!

Apenas um relado de um mídia sem pretensões políticas, visando tão-somente um mundo melhor e pessoas melhores

Herbert Gomes é head de mídia da Talent Marcel