A pandemia do Coronavírus está ressignificando a forma como as companhias fazem negócios e se comunicam com suas equipes e clientes. As medidas de isolamento social necessárias para conter a proliferação do vírus obrigaram locais de trabalho, escolas e comércio, por exemplo, a se readequarem, e as empresas precisaram buscar novas formas de interagir com seus públicos, internos e externos, para se manterem operantes. Se por um lado a pandemia impôs na sociedade um cenário imprevisível, por outro está reafirmando uma série de tendências tecnológicas anunciadas há tempos, cuja implementação foi acelerada nesse momento. O resultado de tudo isso? Os próximos anos devem ser marcados pela ampliação da adoção de tecnologias em toda a sociedade, impulsionando o surgimento de inovações ainda mais completas para atender cada anseio social.

A tecnologia está no centro das mudanças ocorridas nas organizações nos últimos meses. Graças a ela, a adaptação a um novo mundo foi realizada de forma rápida e personalizada para cada tipo de negócio, e está permitindo o consumo dos mais variados serviços e produtos, mesmo com as pessoas isoladas; bem como a manutenção das operações das empresas, ainda que de forma remota; e o atendimento do calendário escolar, com estudantes assistindo as aulas a partir de casa.

O Home Office está entre as principais tendências que saíram do planejamento de longo prazo para se tornar realidade em poucos dias. O índice de equipes em trabalho remoto não deve voltar a patamares pré-Coronavírus, mesmo após o fim da pandemia, com diversas organizações já analisando a possibilidade de manterem seus colaboradores trabalhando em casa para sempre. Companhias têm percebido alguns benefícios interessantes com o modelo remoto como, por exemplo, a possibilidade de reduzir custos. Os escritórios da maioria das empresas devem voltar a serem frequentados, mas já é possível estimar o crescimento de cerca de 30% na adoção de Home Office após a estabilização dos casos de Coronavírus e a retomada total das atividades.

Nesse cenário, o uso de ferramentas de acesso remoto às aplicações e informações corporativas ganha um novo impulso. Já podemos prever no futuro do trabalho uma exigência cada vez maior por soluções de ponta nesse sentido, com toda a segurança cibernética necessária para mitigar ataques aos sistemas corporativos. No mesmo sentido, ferramentas de colaboração também terão um importante papel no mundo pós-Covid-19. Ao permitirem a realização de reuniões remotas com voz, vídeo e compartilhamento de telas, além de proverem comunicações unificadas, chats corporativos e uso de ramais virtuais, as soluções irão diminuir distâncias e aproximar as casas dos colaboradores e clientes virtualmente. Nesse sentido, o uso de modernas tecnologias deverá colaborar, gerando mais praticidade, simplicidade e agilidade nas operações, além de permitir que colaboradores tenham mais foco e tempo para a realização de suas funções diárias.

O mobile regerá ainda mais o mundo. Os aplicativos móveis, que já tinham mostrado seu potencial disruptivo nos últimos anos, reinventaram de vez a relação das pessoas com a tecnologia. Seja para se alimentar, pedindo comida para entrega; para pagar contas, por meio do mobile banking; ou para se comunicar, com plataformas de mensagens instantâneas, os APPs ajudaram as pessoas a se sentirem menos isoladas. Esse caminho percorrido durante o período não terá regressões com o tempo e os APPs devem seguir cada vez mais inseridos no dia a dia das pessoas, ajudando a solucionar as mais diversas situações.

As compras online também tomaram uma nova proporção diante do isolamento social. O e-commerce apresentou um grande aumento de vendas, já que se tornou a única opção em diversos Estados para a comercialização de itens que vão desde eletrodomésticos até vestuário. O omnichannel tornou-se realidade e, a partir de agora, não poderemos mais deixar de disponibilizar diversos canais de vendas para o consumidor escolher qual é o melhor para o seu perfil de compra. Podemos esperar que uma grande fatia dos investimentos das empresas daqui para frente seja destinada a tecnologias que permitam a consolidação ainda maior dessa modalidade, como plataformas em Nuvem.

A Nuvem também é ponto de partida para o futuro do Ensino à Distância. Diante do fechamento de escolas e universidades, as instituições de ensino precisaram transformar os lares dos estudantes em salas de aulas. A partir das experiências adquiridas durante a pandemia, escolas e universidades públicas e privadas deverão investir mais em Cloud como meio de transmissão de importantes conteúdos de ensino, com qualidade, por meio de plataformas digitais. A digitalização já está ajudando na democratização dos estudos e seguirá permitindo que pessoas de qualquer localidade possam ter acesso a cursos variados e de qualidade, que muitas vezes só estão disponíveis nas grandes capitais.

Na área da saúde, a telemedicina irá se consolidar como alternativa às visitas a hospitais e clínicas, possibilitando a realização de consultas à distância por meio de plataformas de comunicação. Na administração pública de saúde, a migração de dados e aplicações para a Nuvem já possibilita a evolução dos prontuários eletrônicos, que irão fornecer aos médicos uma visibilidade maior sobre o histórico de seus pacientes e irão colaborar para tomadas de decisões mais efetivas quanto aos tratamentos necessários para cada caso. A adesão da Nuvem também seguirá ampliando o acesso e a disseminação rápida de informações confiáveis e atualizadas sobre a situação da saúde no País para todos os públicos de interesse, como hospitais, gestores públicos e a população.

Dos escritórios para o comércio, das instituições de ensino aos consultórios médicos. É impossível imaginar um ambiente no qual ferramentas tecnológicas não serão o ponto central para levar as operações a um novo patamar. Para atender essa demanda, os serviços de tecnologia precisarão ser analisados sob um viés de personalização, abandonando de vez o conceito do one size fits all. Os fornecedores de soluções precisarão atuar ainda mais como consultores para entenderem as especificidades de cada negócio, personalizando os projetos. Nesse novo mundo, os chamados ‘produtos de prateleira’ não serão capazes atender o que a sociedade busca.

O mundo mudou com a pandemia e o caminho tecnológico está traçado. Empresas de tecnologia e organizações de todos os segmentos e portes precisarão se encontrar nessa trilha rumo à digitalização dos negócios, cada uma fazendo a sua parte para a evolução do mercado. Os próximos anos marcarão um boom em inovação e na utilização de plataformas tecnológicas, e não há dúvidas de que a sociedade somente tem a ganhar com isso. A atenção dada a essas inovações vai definir quem se manterá relevante nesse novo cenário e quem será rapidamente esquecido.

Marcello Miguel é diretor executivo de marketing e negócios da Embratel