Um prédio, uma história
Quem passar pela Cidade Jardim com a 9 de Julho ou pela Gumercindo Saraiva vai se deparar com um prédio no chão, demolido e imediatamente se lembrar que naquele lugar existiu uma das maiores, senão, a maior agência de propaganda de todos os tempos.
A DPZ. Sim três letrinhas que por mais simples que sejam significam a mais criativa união de líderes já surgidos na história da publicidade brasileira: Roberto Duailibi , Francesc Petit e José Zaragoza conseguiram construir e reunir os maiores talentos da propaganda em seus vários setores: criação, atendimento, mídia e administração, área esta a principal responsável pela aquisição do novo prédio, tornando a DPZ a primeira agência a ter sua operação em sede própria.
Não citarei nomes para não cometer nenhuma injustiça, mas o grupo de profissionais que por lá passou representou a nata da propaganda brasileira. Independente das pessoas temos que ressaltar o clima, a alma, a união que pairava naquele prédio em prol do melhor trabalho para seus clientes.
Um clima de alegria e orgulho com cada campanha que surgia. Um gosto exemplar pelo trabalho cada vez melhor e uma ansiedade de sempre achar que o bom era inimigo do ótimo. Assim surgiram as maiores e duradouras campanhas e personagens da publicidade mundial. Também não vou citá-las por uma questão de obviedade e também por entender que o mercado sempre irá lembrar da criatividade delas. Prefiro discorrer sobre o ambiente de trabalho.
Amizade e respeito entre os colegas!
Uma certa anarquia no dia a dia e que delegava a cada profissional uma responsabilidade única de realizar o seu melhor empenho em sua área de atuação. A alegria sempre presente em tudo que rolava na agência. A competição interna para apresentar ao cliente a melhor ideia chegava a ser engraçada.
Um relacionamento ímpar com os sócios que simplesmente se misturavam e trabalhavam com seus colaboradores e dando a eles a importância que cada um tinha no desenvolvimento do trabalho.
Nos divertíamos muito e a satisfação da missão cumprida permanecia intocável.
Nascia dessa forma, além do mútuo respeito uma amizade imensa entre clientes e agência. Um relacionamento que transcendia a normalidade. A admiração recíproca e o valor pelo melhor trabalho. Não foi à toa que o nome DPZ se destacava no mercado publicitário causando uma certa inveja para quem estava de fora e orgulho e prazer dos que lá estavam.
Eu mesmo fiquei por lá durante 42 anos e sabem de uma coisa, parece que se passaram alguns dias apenas, tamanho era o prazer de pertencer àquele grupo de profissionais. O tempo passa, mas fica a história de uma agência cujo nome permanece até hoje em novo formato.
Pertencente a um dos grupos de comunicação mais importantes do cenário mundial, o Publicis Groupe deverá estar honrando suas tradições de ter sido a agência, sem nenhuma dúvida, mais charmosa, criativa, ética e uma das mais premiadas do planeta.
Vai o prédio, mas fica a alma indelével para todos que participaram da trajetória da maior e melhor agência de propaganda de todos a tempos.
Esse texto é uma singela homenagem aos meus queridos amigos Roberto, Petit e Zaragoza.
Flavio Conti é publicitário