Inovar no mercado audiovisual não é mais um diferencial, é obrigatório. No entanto, não é sempre que uma novidade causa alvoroço no setor. Quando uma campanha, uma peça ou um negócio ganha visibilidade por mais de um dia, já podemos dizer que se trata de um sucesso. Quando isso avança por semanas, quiçá meses, estamos diante de uma revolução.

É o que aconteceu com a NFT Art, que já domina a indústria artística internacional e começa a conquistar espaço no mercado brasileiro. Sigla para Non-fungible Token, ou token não fungível em português, a NFT surgiu para trazer controle e autenticidade para as obras de origens digitais. É uma espécie de certificado, estabelecido via blockchain, que define originalidade a esses bens. Ela permite dizer que um item é único, exclusivo, não trocável, não comparável. 

Apesar do boom recentemente, a NFT foi criada em 2012 na rede de bitcoin, ainda que hoje seja operada fortemente na rede ethereum. Embora usada em diversas indústrias, as principais são de jogos, artes e colecionáveis. Podemos chamar, sim, de algo revolucionário pois tem como propósito gerar “escassez digital”, ou seja, intervir no controle sobre a abundância e tamanha existência dos recursos digitais. 

É um ponto positivo para o mundo eletrônico, pois permite aumentar o valor de qualquer ativo artístico na internet, limitando a quantidade e, consequentemente, a pirataria. Afinal, vivemos um momento em que a tecnologia se encontra cada vez mais acessível e usual para todos. E a arte não ficou para trás. O problema é que muita gente acaba fazendo arte sem poder viver dela. 

Assim, o pagamento por uma obra para se chamar de sua permite um reconhecimento a quem é responsável por ela. Isso impedirá que outros tenham acesso a cópias? Não. Mas um bom colecionador e apreciador da arte sabe a importância de ter a original. Podemos fazer um comparativo com o quadro da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. É um clássico, extremamente popular, muito reproduzido. Porém, existe apenas um que tem valor estrondoso, o original. A NFT é isso. É a prova de que nenhuma obra é semelhante, todas são únicas, incomparáveis. 

Ainda novidade no mercado, muita gente se impressiona com os itens que estão sendo vendidos neste formato. Estamos falando de fotos de celebridades, memes, tweets, campanhas publicitárias, jogos, ações sociais… Sim, existe NFT que terá verba revertida para ajudar no avanço da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil. Por que não? Se é algo que vem conquistando espaço na mídia e no dia a dia de todos, é normal que todo mundo entre na onda. 

É o que deve acontecer no mundo do marketing e da publicidade. Mostrar que uma marca já usa uma ferramenta de compra e venda de ativo virtual prova que ela está antenada ao que acontece ao seu redor, agilizada diante da concorrência, que tem uma área de inovação, é open mind, e uma série de outras características que poderíamos ficar horas enumerando. Mais do que isso, elas se mostram originais. Afinal, as primeiras a aderirem no país são as que ficarão responsáveis por ditar a tendência. 

E dá pra ir além… Tem quem veja na NFT uma alternativa de investimento. Isso porque o setor movimenta milhões de dólares. Exatamente o que leu. Surpreso? Não tem motivo. É o que as indústrias do marketing, do entretenimento, da cultura, no mundo real, movimentam. E, se agora, o consumo digital faz parte do mundo real, não teria porque ser diferente. 

Hoje, já existem marketplaces efetuando vendas em NFTs e casas de leilão a todo vapor se especializando nisso. No futuro, quem sabe a novidade não se mostre uma porta de entrada para os direitos autorais, de propriedade intelectual e tokenização de todos os ativos? É algo para, mais do que ficar só de olho, entender como funciona e começar a fazer parte.

Luciano Mathias é sócio e CCO da TRIO – Hub Global de Criação e Produção de Conteúdo Audiovisual