Se para alguns brasileiros Bolsonaro é um mito, para milhares de investidores nos Estados Unidos, e muitos em outros países, Warren Buffett é o grande mito. O mago dos investimentos.

Nascido na cidade de Omaha, Nebraska, no dia 30 de agosto de 1930, portanto 90 há anos, comanda e é o principal acionista da Berkshire Hathaway, com o espetacular resultado de mais de 20% de ganhos ao ano, e nas últimas cinco décadas. Mas, não conseguiu nem prever e muito menos desvencilhar-se a tempo da Covid-19. Até semanas antes era o 4º homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada por Forbes em US$ 82,55 bi… E aí veio a coronacrise… Em menos de um mês as ações de sua Berkshire Hathaway derreteram US$ 50 bilhões.

Falando a seus milhares de acionistas, Buffett disse: “perdemos neste trimestre US$ 49,9 bi, contra um lucro de US$ 21,6 bi do mesmo trimestre do ano passado. Demoramos para agir…”. Como de hábito, o maior erro dentre todos, o demorar para agir. Como aconteceu com o Brasil em relação à pandemia. Dentre os mantras de Buffett, a propósito de seus 90 anos, separei 10 para compartilhar com vocês.

1 – “Você não precisa ser um cientista de foguetes. Investir não é um jogo que a pessoa com um Q.I. de 160 ganha da pessoa com Q.I. de 130”.

2 – “Preço é o que você paga. Valor é o que você ganha”.

3 – “O tempo é amigo dos negócios excelentes e inimigo dos negócios medíocres”.

4 – “Regra número 1: não perca dinheiro. Regra número 2: não esqueça a regra número 1”.

5 – “Derivativos são armas de destruição em massa das finanças”.
6 – “Se alguém está sentado nas sombras hoje, é porque alguém plantou uma árvore muito tempo atrás”.

7 – “Parece existir uma característica humana perversa que gosta de transformar coisas fáceis em coisas difíceis”.

8 – “Veja as flutuações de mercado como uma amiga e não como uma inimiga. Lucre com suas bobagens e não participe delas”.

9 – “Quando se combina ignorância e alavancagem (dívida), se tem resultados bastante interessantes”.

10 – “Risco vem de você não saber o que está fazendo”.

O fundo de Warren Buffett tinha uma forte concentração nas principais empresas aéreas dos Estados Unidos. Assim que entendeu a dimensão do desastre que se abatia sobre as empresas aéreas decidiu vender toda a posição. 11% da carteira da Berkshire estava investido na Delta; 10% na American; 10% na Southwest; e 9% na United.

Até mesmo aquele que é considerado o gênio dos investimentos, muitas vezes, nem sempre, tromba com a realidade. Mas, como tem um longo crédito de sucessivos sucessos com os investidores da sua legendária Berkshire Hathaway, continua no comando. E constatado o erro, sem perder um único segundo, Warren agiu. Vivemos um momento único na história do mundo e dos negócios, onde, e em decorrência da pandemia, para cada 90 perdedores, existem, sendo otimista, 10 vencedores.

A propósito, todas as empresas aéreas do mundo, sem exceção, emergem da coronacrise arrebentadas. Nenhuma, sem exceção, conseguirá sonhar com o azul dos números antes de 2026. Os próximos cinco anos estão reservados exclusivamente a recuperação. E nem todas conseguirão.

Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br).