Os adblocks e o futuro da publicidade digital

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Guilherme Mamede

Não é de hoje que as ferramentas que bloqueiam qualquer tipo de publicidade na internet estão no mercado. Elas existem há alguns anos, mas vêm se popularizando bastante nos últimos meses e, inclusive, foi tema do AdRevenue em que participei em Nova York recentemente. Na ocasião, foram levantadas algumas discussões bastante polêmicas e isso está levando os profissionais de mídia a repensarem o target de suas campanhas e até a definir melhor as formas de impactar o público que não apenas com simples banners, anúncios no Google ou FacebookAds.

No mundo, segundo a Page Fair, atualmente, já são mais de 181 milhões de usuários que instalaram algum tipo de dispositivo para bloquear a publicidade na internet. A Apple também decidiu incorporar em seu iOS 9 a permissão para impedir que anunciantes se comuniquem com seus consumidores. Segundo a empresa e os próprios usuários, a novidade tem poupado bateria e plano de dados, uma vez que as páginas carregam muito mais facilmente.

Com a mídia programática você tem ferramentas e tecnologias para ter mais assertividade no target, e permitir que as marcas se comuniquem de formas distintas com cada perfil de usuário. Quando você vê um anúncio que fala a sua língua, que tem imagens do seu dia a dia, e produtos ou serviços do seu interesse, esses anúncios passam a chamar atenção ao invés de incomodar. Mas, se a comunicação oferecida fosse interessante e realmente útil, não seria bloqueada, certo?

Muitas pessoas declaram que bloqueiam a publicidade digital por ela ser invasiva e por “atrapalhar” a navegação, além de demorar para carregar páginas por terem elementos pesados. A solução, nesse caso, seria tentar se comunicar com o seu público de formas diferentes, como por meio de posts patrocinados ou até mesmo com banners que não precisam ser fechados para dar continuidade à navegação ou que já são pré-carregados. É claro que também precisamos pensar em oferecer algo atrativo, mas essa não é a maior deficiência da publicidade digital, pois esse lado vem se desenvolvendo bastante e, cada vez mais, as campanhas escolhem exatamente quem querem atingir de acordo com um perfil de navegação.

A pergunta que muitos têm feito é “como ficará o mercado de publicidade digital”? Adaptação é novamente a palavra de ordem. As empresas de internet já estão buscando alternativas. Um exemplo é o Google, que já tenta convencer os usuários com um aviso alertando que todos os serviços que são utilizados gratuitamente, como o GMail, o buscador e o YouTube, só são possíveis porque são financiados pela receita gerada pela publicidade. Também já foi bastante relatado que o YouTube exibe anúncios de 3 minutos sem opção de pular para usuários de adblocks. Outra alternativa que o Google criou há pouco tempo é o YouTube Red, a versão do YouTube com assinatura mensal e sem anúncios.

 Acredito que se reinventar é sempre a opção mais prudente e muitos já vêm fazendo isso há algum tempo. Exemplo disso são as chamadas native ads, as publicidades com cara de notícia, que informam mas, ao mesmo tempo, também impactam o leitor e ajudam a vender uma determinada marca. Além disso, seguir os exemplos que as grandes empresas estão fazendo para driblar esses mecanismos.

 Me parece que essa alternativa é a mais segura em tempos de adblocks para todos os lados, quando os proprietários de sites e blogs precisam de cada vez mais acessos para se sustentar e, em contrapartida, os anunciantes querem expor as marcas com menor investimento e maior retorno. 

Guilherme Mamede é fundador e CEO da Melt, primeira DSP com tecnologia RTB da América Latina.