Pacto inicia movimento do setor audiovisual para coibir assédio
O setor audiovisual assinou este mês uma “produção” conjunta que pode mudar significativamente o mercado: um pacto para inibir e apurar denúncias de assédio na área. A Apro (Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais) lidera o movimento, que começou com uma proposta da Renata Brandão, CEO da Conspiração, após sugestão da roteirista Antonia Pellegrino.
O documento Pacto de responsabilidade antiassédio no setor audiovisual sela a responsabilidade dos envolvidos no combate a esse problema. Segundo a Apro, desde o início do ano, lideranças do audiovisual vinham formatando algo articulado para prevenir o assédio no setor, a partir de um grupo de trabalho, ao lado das diversas entidades representativas das empresas e dos trabalhadores do segmento, além das produtoras. “Assédio é algo que não podemos tolerar”, afirma Paulo Schmidt, presidente da Apro, produtor e sócio da Academia de Filmes.
Envolver os players foi reflexo do que ocorreu na indústria internacional, em especial no cinema de Hollywood, desde 2017, após alguns casos no mercado interno. Diante disso, produtoras e demais entidades do segmento foram chamadas a integrar o grupo de trabalho. Além da Conspiração, assinaram o documento a Academia de Filmes, as produtoras Hungry Man, Prodigo Films, Gullane e O2, além de outras organizações do meio e juristas.
Pacto antiassédio no setor audiovisual prevê cartilha com orientações e ações de prevenção, intervenção, apuração e proteção
O acordo foi firmado no último dia 4, durante o Seminário Internacional Mulheres no Audiovisual, promovido pela Ancine (Agência Nacional do Cinema). O momento foi precedido por um painel que explicou a iniciativa. Além de Antonia, participaram da mesa o advogado Caio Mariano; Marianna Souza, gerente-executiva do projeto FilmBrazil, da Apro; e o advogado Mateus Basso, também da Apro. Eles falaram sobre o desenvolvimento do trabalho e dos preceitos do pacto.
O documento prevê uma cartilha com recomendações de procedimentos e práticas em casos de ocorrências. Haverá instruções sobre como vítimas, testemunhas e produtoras responsáveis por sets de filmagem devem se comportar nessas situações. O guia será lançado em breve. O momento é de edição e finalização da publicação. O projeto indica ainda uma agenda de eventos, que deverá ser divulgada pela Ancine. As atividades devem incluir ações de prevenção, intervenção, apurando denúncias e proteção.
Segundo Juliana Bauer, gerente de negócios da Academia de Filmes, a empresa tenta, em todos os projetos, ter uma relação de respeito e transparência com os profissionais contratados para que qualquer tipo de abuso, caso venha acontecer, possa ser reportado e coibido.
“O pacto representa uma primeira iniciativa do setor para coibir o assédio. É preciso conscientizar a todos que assédio é crime, precisamos falar sobre isso de forma aberta para que nenhuma mulher se sinta envergonhada ou intimidada para denunciar abusos”, afirma.
Também assinaram o documento as entidades Bravi (Brasil Audiovisual Independente), Sicav (Sindicato Interestadual da Indústria Audiovisual), Siaesp (Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo), Sindcine (Sindicato dos Trab. na Ind. Cinematográfica e do Audiovisual dos estados de SP, PR, RS, MT, MS, GO, TO, e DF) e Sated (Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Estado de SP).
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